Militares indianos são ovacionados após matarem os últimos atiradores islâmicos| Foto: PRAKASH SINGH/AFP

Comandos militares indianos mataram os últimos atiradores islâmicos que estavam refugiados no hotel Taj Mahal de Mumbai neste sábado, terminando o cerco de três dias que provocou a morte de pelo menos 195 pessoas e já vem sendo descrito como o 11 de setembro da Índia.

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Pelo menos três militantes e um soldado foram mortos depois de uma derradeira troca de tiros por um labirinto de corredores, quartos e salas, segundo disse o chefe do comando militar, Jyoti Krishna Dutt, à multidão de repórteres que esperava do lado de fora do prédio de 105 anos, com marcas de destruição provocadas pela batalha.

Os atiradores islâmicos colocaram fogo em algumas áreas do hotel e entraram em um jogo de gato e rato com os componentes dos bem treinados comandos da Índia, conhecidos como Gatos Negros. Eles deixaram corpos pelo caminho, alguns com granadas dentro de suas bocas ou alojadas nas partes inferiores.

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Cães farejadores foram levados para o famoso hotel e trabalhadores usando máscaras cirúrgicas chegaram para retirar os corpos. Alguns comandos fizeram uma última busca nos quartos, enquanto outros entravam em ônibus para ir embora, parecendo exaustos.

Muitos hóspedes ficaram presos em seus quartos enquanto a batalha se desenrolava ao redor deles. Eles saíam, depois, impressionados com as cenas desesperadoras.

"Havia sangue por toda parte", disse uma mulher americana chamada Patricia ao canal de notícias NDTV, se engasgando entre lágrimas. "E quando nós conseguimos chegar ao lobby, todas as centenas e centenas de policiais que estavam ali pareciam tão exaustos e tão tristes."

Rastros negros de cinza das chamas manchavam os tijolos, varandas brancas e os telhados vermelhos da fachada do hotel.

O piso térreo estava devastado, com as paredes revestidas de madeira enegrecidas e rachadas pelas explosões e pelo fogo.

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Taças de vinho e tigelas de sopa ficaram espalhadas pelo piso, um candelabro chamuscado jazia quebrado em pedaços pelo carpete e os cacos de vidro cobriam as butiques do Taj.

"Em um determinado momento, era tão magnífico. Nós ficávamos admirando, sentados perto da piscina", disse Patrícia.

"Em um dado momento, tudo era sereno e sensacional, e então, logo depois, tudo se acabou", disse ela.

Nove dos envolvidos no ataque foram mortos, e o décimo foi capturado vivo. Ele disse durante o interrogatório que eles queriam entrar para a história como o 11 de setembro da Índia, e também que foram inspirados pela explosão que ocorreu em setembro no hotel Marriot de Islamabad, segundo informações divulgadas pelo canal de TV Times Now, citando um oficial do Ministério da Defesa que não foi identificado.

A Índia responsabiliza "elementos" do Paquistão pelo ataque, o que aumenta as tensões entre os dois rivais com poderio nuclear. O Paquistão disse que os dois países enfrentam um inimigo comum e que enviará um representante de sua agência secreta para dividir informações de inteligência.

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BATALHA FINAL

O Taj Mahal foi o último palco de uma batalha que se prolongou por três dias de combates intensos em várias partes da cidade de 18 milhões de habitantes.

Vários jornais disseram que alguns dos militantes se hospedaram no hotel Taj dias ou semanas antes dos ataques, enquanto o Times of Índia declarou que eles alugaram um apartamento na cidade há alguns meses, fingindo ser estudantes.

Na sexta-feira, um general do exército disse que os atiradores pareciam ser bem familiarizados com a planta do hotel e eram bem treinados.

"Às vezes, percebíamos que eles estavam no mesmo nível que nós quanto ao combate e às movimentações", disse um soldado ao Hindustan Times. "Ou eles eram soldados ou então passaram por um longo treinamento militar."

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Autoridades de Mumbai informaram que pelo menos 195 pessoas foram mortas e 295 feridas, e o número de vítimas fatais aumenta conforme os corpos recolhidos no luxuoso Taj e em seu vizinho Trident-Oberoi, palco de outro cerco que teve fim na última sexta-feira.

Um ministro indiano disse que um dos militantes presos era um paquistanês e o primeiro-ministro Manmohan Singh alertou para o "preço" que os vizinhos da Índia podem pagar se não tomarem ações concretas para que seus territórios não sejam mais usados para organizar ataques terroristas.

O homem preso confessou ser parte do um grupo militante Lashkar-e-Taiba, baseado no Paquistão, que vem enfrentando forças indianas em Kashmir, região disputada pelos dois países, e é acusada de ter cometido o ataque contra o parlamento da Índia em dezembro de 2001, segundo informações dos jornais.

Mas o ministro das Relações Exteriores do Paquistão Shah Mehmood Qureshi divulgou uma nota conciliatória e prometeu cooperação total.

"Quem quer que tenha feito isso não é amigo de vocês e tampouco é nosso amigo", disse ele a repórteres em Nova Délhi. "Nós não somos responsáveis por isso e não é do nosso interesse nos envolvermos com algo como isso."

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