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Lei de Cidadania

Índia abafa protestos, bloqueia internet e detém manifestantes

Manifestação contra a nova lei de cidadania da Índia
Manifestação contra a nova lei de cidadania da Índia (Foto: Manjunath Kiran/AFP)

As autoridades indianas reprimiram manifestações contra uma lei de cidadania nesta quinta-feira (19), invocando uma medida para proibir reuniões públicas em dois estados e partes da capital do país, que abrigam mais de 260 milhões de pessoas.

Uma coalizão de grupos da sociedade civil havia convocado manifestações em todo o país nesta quinta-feira para expressar oposição à lei, que os oponentes dizem ser discriminatória e violadora da constituição da Índia. A lei cria uma via rápida para a cidadania de migrantes de seis religiões que chegaram à Índia em 2014, mas exclui os muçulmanos.

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Em Deli, centenas de manifestantes pacíficos se reuniram perto de um dos principais monumentos da cidade para iniciar uma marcha, mas a polícia impôs uma medida que proíbe reuniões de quatro ou mais pessoas, tornando ilegais os protestos. A polícia deteve os manifestantes e os levou em ônibus.

O serviço de internet também foi suspenso em algumas partes da cidade, segundo uma funcionária de uma empresa de telefonia celular que falou sob condição de anonimato porque não estava autorizada a discutir o assunto. A Índia é o país que mais bloqueia a internet em todo o mundo, sob a justificativa de impedir a violência e os distúrbios.

Protestos contra a lei de cidadania surgiram nos últimos dias e alguns se tornaram violentos. No domingo, a polícia invadiu um campus universitário em Deli, atingindo estudantes desarmados e lançando gás lacrimogêneo na biblioteca. As manifestações se tornaram a mais forte demonstração de oposição ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, desde que ele chegou ao poder em 2014.

Protestos são proibidos

Polícia deteve um homem em uma manifestação contra a nova lei de cidadania da Índia em Nova Délhi | Foto: Money SHARMA / AFP (Foto: AFP)

Em Bangalore, capital do estado de Karnataka, manifestantes segurando cartazes foram afastados pela polícia depois que as autoridades invocaram a mesma medida, conhecida como Seção 144, para proibir reuniões públicas. Entre os detidos estava Ramachandra Guha, um dos historiadores mais ilustres da Índia.

"Isso está totalmente errado", disse ele em um vídeo feito no local. "Nossos governantes paranoicos em Déli estão com medo" de um protesto pacífico.

Todo Uttar Pradesh, o maior estado da Índia e lar de 200 milhões de pessoas, foi colocado sob restrições da Seção 144 na quinta-feira. O diretor-geral de polícia do estado, O.P. Singh, disse a repórteres que nenhum protesto seria permitido no estado.

"Os pais são aconselhados a aconselhar seus filhos e pedir que não participem de nenhum tipo de protesto, e se o fizerem, a polícia tomará medidas contra eles", disse ele.

Em Deli, as autoridades fecharam mais de 15 estações de metrô, atrapalhando o transporte. A polícia montou barricadas perto do local do protesto planejado no Forte Vermelho da cidade, dificultando o acesso.

A lei de cidadania é "inconstitucional", disse Swati Khanna, estudante de 24 anos, antes de ser levada por policiais. "A Índia está se tornando um estado policial, mas vamos recuperá-lo".

Mais protestos são esperados em outros lugares do país ainda nesta quinta-feira, inclusive na cidade de Kolkata e na capital financeira, Mumbai. Os governos dos respectivos estados destas cidades, Bengala Ocidental e Maharashtra, não são controlados pelo Partido Bharatiya Janata de Modi, e as autoridades locais permitiram que as manifestações continuassem.

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Conteúdo editado por: Isabella Mayer de Moura

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