Centenas de pessoas protestaram neste sábado em Nova Délhi exigindo que o governo tome atitudes contra a polícia, por supostamente ter fracassado na investigação imediata do desaparecimento de uma menina de cinco anos, que foi estuprada e está em estado grave.
A menina foi estuprada e torturada por um homem que a manteve fechada num quarto na capital por dois dias. O caso aconteceu quatro meses após o estupro de uma mulher num ônibus de Nova Délhi, que provocou indignação no país por causa da forma como as mulheres são tratadas e resultou em protestos contra a forma como as autoridades cuidaram do caso.
A menina desapareceu na segunda-feira e foi encontrada na quarta-feira num quarto do mesmo prédio de Nova Délhi em que a garota vivia com seus pais, informou o policial Deepak Mishra. Segundo ele, a menina estava fechada num quarto e fora deixada para morrer.
O homem de 24 anos, que vivia no quarto onde a menina foi encontrada, foi detido no sábado na cidade de Muzaffarpur, estado de Bihar, cerca de 1.000 quilômetros a leste de Nova Délhi, disse Mishra. O homem foi enviado para Nova Délhi, onde um magistrado ordenou que ele ficasse preso.
A menina sofreu vários ferimentos internos, assim como cortes e mordidas no rosto e no abdômen, disse o doutor D.K. Sharma, superintendente do hospital estatal de Nova Délhi onde ela está internada. Ele descreveu o estado da menina como "grave".
Ativistas de direitos humanos e funcionários do governo disseram que os pais da menina foram à polícia na segunda-feira para informar o desaparecimento dela, mas os policiais se recusaram a registrar o caso. Os pais são trabalhadores pobres da construção civil que migraram para a cidade anos atrás, em busca de trabalho.
"A polícia não fez nada. Eles não registraram a reclamação, o primeiro passo antes de iniciarem a investigação", disse Ranjana Kumari, ativista dos direitos das mulheres e cientista política. "Este crime hediondo poderia ter sido evitado se a polícia tivesse iniciado as investigações imediatamente."
A polícia não comentou as acusações, mas o ministro do Interior Sushilkumar Shinde declarou neste sábado que foi aberto um inquérito sobre como o caso foi tratado pela polícia.
A crescente indignação contra o trabalho da polícia na Índia levou até mesmo o primeiro-ministro Manmohan Singh, geralmente reticente, a reagir. O premiê disse que o comportamento da polícia é "completamente inaceitável".
Segundo comunicado divulgado por seu escritório na sexta-feira, ele transmitiu às autoridades de Nova Délhi "a necessidade de que ações estritas sejam tomadas contra oficiais que tomaram atitudes erradas". As informações são da Associated Press.