Um caso de estupro é registrado na Índia a cada 20 minutos e, agora, o país abriga um debate público a respeito da violência contra as mulheres.
Advogados do tribunal de Nova Délhi, na Índia, anunciaram ontem que se recusam a defender os seis suspeitos de terem agredido e estuprado uma estudante de fisioterapia de 23 anos que morreu no sábado.
O caso chocou o país e a brutalidade das circunstâncias envolvendo o ataque contra a jovem acendeu um debate público a respeito da sistemática violência contra as mulheres na Índia, onde um caso de estupro é registrado a cada 20 minutos.
"Decidimos que nenhum advogado se apresentará para defender os acusados da violação porque seria imoral defender o caso", disse Sanjay Kumar, membro da Ordem dos Advogados do distrito de Saket, no sul da capital.
Segundo Kumar, os 2,5 mil advogados registrados na região decidiram "permanecer à margem" para assegurar que haja uma "justiça rápida", o que significa que defensores públicos representarão os suspeitos.
A primeira audiência do caso deveria ocorrer ontem, com a apresentação de um relatório de cerca de mil páginas feito pela polícia.
Os seis homens devem ser julgados pela violação e pelo assassinato da jovem, que não teve seu nome divulgado, em 16 de dezembro.
A estudante foi atacada em um ônibus pelo grupo, que a estuprou diversas vezes, a agrediu com uma barra de ferro e depois a jogou do veículo em movimento.
Ontem, a imprensa indiana afirmou ainda que os agressores tentaram atropelar a vítima depois de ela ter sido atirada do ônibus.
Provas
As mordidas que a jovem deu em seus agressores, o sangue, o esperma, os fios de cabelo e o depoimento de seu namorado, que a acompanhava e também foi agredido, servirão como provas contra os acusados.
O ministro do Interior da Índia, Sushilkumar Shinde, afirmou que, caso sejam condenados, os suspeitos enfrentarão a pena de morte.
A jovem que foi levada para ser tratada em um hospital em Cingapura, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no sábado teve suas cinzas jogadas no rio Ganges na terça-feira passada em uma cerimônia privada da família.