Os indianos votaram nesta quinta-feira (23) na segunda fase das eleições do país, que vão durar um mês. Mas o pleito deve resultar num governo fraco, que assumirá o cargo num período de incertezas econômicas e violência política. Forças do governo estavam em estado de alerta enquanto milhares de pessoas amontoavam-se em locais de votação no início do dia para evitar as flamejantes temperaturas do verão, que chegam a 44 graus Celsius em partes dos Estados de Orissa, Jharkhand e Bihar.
Uma série de ataques deixaram pelo menos 17 mortos marcaram a votação da semana passada. Nesta quinta-feira, supostos comunistas rebeldes usaram uma bomba caseira para atacar um jipe que levava funcionários eleitorais, ferindo duas pessoas, disseram funcionários.
O calor e a violência fizeram com que o comparecimento às urnas fosse inesperadamente baixo. Refletindo as grandes diferenças do eleitorado indiano, poucos no país esperam que as eleições tenham um vencedor majoritário. Pesquisas indicam que nem o Partido do Congresso, que lidera o atual governo de coalizão, nem o principal opositor, o nacionalista hindu Bharatiya Janata Party, conquistarão assentos na câmara baixa do Parlamento de 543 cadeiras para governar sozinho.
Em vez disso, muitas das cadeira devem ir para uma série de partidos regionais e de castas que tendem a se concentrar em questões regionais e promessas locais, que vão de eletricidade mais barata para fazendeiros à distribuição gratuita de televisores em cores.
Isso significa que as eleições devem resultar num país com uma instável coalizão de governo, formada por partidos muito diferentes entre si - uma situação que pode deixar o próximo primeiro-ministro com pouco tempo para lidar com os crescentes desafios que o país tem de enfrentar.
Esses problemas incluem a ameaça de violência representada por rebeldes maoistas, que ameaçaram matar cidadãos que participarem da eleição, considerara por eles como um "falso exercício".
Na quarta-feira, rebeldes comunistas sequestraram, por um curto período, um trem carregando 300 passageiros e realizaram outros ataques com o objetivo de atrapalhar o pleito.
A maior parte dos atos violentos concentraram-se no leste e na região central do país, onde guerrilhas comunistas vêm lutando há décadas pelos direitos dos pobres. Mas as tensões permanecem elevadas em outras regiões, já que as eleições expuseram divisões étnicas, religiosas e de castas no país que tem 1,2 bilhão de habitantes.
O ataque desta quinta-feira a funcionários eleitorais no Estado de Jharkhand feriu um magistrado e um policial, disse o porta-voz do Estado, S.P. Pradhan. Os atacantes fugiram.
Em outro incidente, cerca de 20 supostos rebeldes queimaram quatro jipes cheios de máquinas de votação e outros materiais eleitorais do lado de fora de um local de votação, no mesmo Estado, disse o superintendente da polícia, Navin Kumar Singh.
Também em Jharkhand, forças de segurança atiraram de um helicóptero contra um suposto esconderijo rebelde numa área afastada de floresta, com o objetivo de evitar que os guerrilheiros interrompessem a votação, disse Singh.
Muitos eleitores confessaram que as ameaças os convenceram a não votar. "Eu não quero perturbá-los. Eles podem prejudicar a mim e ao meu negócio", disse Anil Agarwal, um empresário da cidade de Giridh, em Jharkhand.
Outros foram dissuadidos pelo calor. "A onda de calor é tão intensa que não podemos sair", disse Suresh Sharma, engenheiro da cidade de Allahabad, ao norte. "Eu queria votar, mas temo que se eu for, posso ficar doente".
Funcionários disseram que o comparecimento às urnas ficou ao redor de 50% em Jharkhand e 45% no Estado vizinho de Bihar. Em Uttar Pradhesh, o Estado mais populoso da Índia, o comparecimento foi de apenas 43%, disse o chefe eleitoral Anuj Kumar Bishnoi.
A exceção à tendência foi o Estado de Andhra Pradesh, ao sul, onde mais de 65% do eleitorado votou.
A eleição é realizada em cinco fases e deve terminar em 13 de maio. Os resultados são esperados para 16 de maio. Com mais de 700 milhões de eleitores, a Índia normalmente realiza eleições fracionadas por questões de logística e segurança. As informações são da Associated Press.