Uma terceira mulher está acusando o juiz Brett Kavanaugh, indicado de Trump à Suprema Corte dos EUA, por conduta sexual imprópria.
Julie Swetnick, moradora de Washington, declarou que ele era fisicamente abusivo com garotas no ensino médio e que estava presente em uma festa, em 1982, onde ela diz ter sido vítima de estupro coletivo.
Here is a picture of my client Julie Swetnick. She is courageous, brave and honest. We ask that her privacy and that of her family be respected. pic.twitter.com/auuSeHm5s0
â Michael Avenatti (@MichaelAvenatti) 26 de setembro de 2018
Swetnick teve a identidade revelada nesta quarta-feira (26) pelo seu advogado Michael Avenatti, que também representa a atriz de filmes adultos Stormy Daniels e tem falado contra Trump e suas políticas em aparições frequentes na televisão. Em um tuíte, Avenatti disse que Swetnick é "corajosa e honesta" e pediu que sua privacidade fosse respeitada.
Swetnick é a terceira pessoa a acusar o magistrado de algum tipo de má conduta sexual. Fazem parte da lista Christine Blasey Ford, que o acusa de tê-la atacado sexualmente durante uma festa de estudantes na década de 1980, e Deborah Ramirez, colega de faculdade do juiz que teria sido forçada a tocar em seu pênis.
A nova vítima não disse que Kavanaugh participou do estupro, nem onde isso teria ocorrido. Ela acredita que, durante o ato, estava sob o efeito de drogas que teriam sido colocadas em sua bebida.
Swetnick afirmou ainda que testemunhou Kavanaugh, então adolescente, bebendo excessivamente em festas e que tinha "comportamentos abusivos e fisicamente agressivos" com garotas.
Segundo ela, o juiz e amigos tentavam embebedar meninas para que pudessem ser estupradas de forma coletiva por vários homens.
"Eu tenho uma lembrança clara de ver garotos sentados em frente a quartos em muitas dessas festas, esperando por sua vez com uma garota que estava lá dentro. Entre esses garotos estavam Mark Judge e Brett Kavanaugh".
Judge é amigo de Kavanaugh e quem teria presenciado uma suposta agressão sexual contra Ford, a primeira mulher a acusá-lo de abuso, conforme os relatos dela.
Nesta quinta (27), Kavanaugh e Ford serão ouvidos no Senado sobre as acusações, como parte do processo de confirmação do juiz para a Suprema Corte.
O Comitê do Judiciário do Senado afirmou que a audiência de quinta-feira está mantida. "Já estamos olhando para isso [as acusações]", disse o presidente do comitê, Chuck Grassley.
Defesa
Kavanaugh afirmou que as alegações de Swetnick nunca aconteceram.
"Isso é ridículo e fantasioso", disse em nota divulgada pela Casa Branca. "Não sei quem é essa pessoa, e isso nunca aconteceu."
Trump afirmou que Kavanaugh está sendo alvo de "falsas acusações".
Durante a audiência, Kavanaugh deve dizer que, apesar de às vezes ter bebido demais e de "não ter sido perfeito" no ensino médio, não é culpado.
"Eu bebia com meus amigos, geralmente aos fins de semana. Às vezes eu bebia demais", diz um trecho do depoimento que fará amanhã, divulgado nesta quarta.
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"Eu disse e fiz coisas no ensino médio que me fazem estremecer agora."
Ele vai reiterar que "nunca fez nada remotamente parecido" com o que Ford alega.
Desde quando as acusações vieram à tona, no último dia 16, ele tem negado o envolvimento em más condutas sexuais.
"Não estou questionando que a Dra. Ford talvez tenha sido atacada sexualmente por alguém em algum lugar e em algum momento", diz o texto. "Mas eu nunca fiz aquilo com ela ou outra pessoa."
O juiz também deve dizer que ataque sexual é algo "moralmente errado" e que contraria seus valores católicos, e que as acusações são tentativas de última hora para barrar a sua confirmação para a corte.