Indicado de Trump à Suprema Corte, Brett Kavanaugh enfrenta duas acusações de assedio sexual| Foto: Andrew Harrer/Bloomberg

A confirmação do juiz Brett Kavanaugh para ocupar um assento na Suprema Corte dos Estados Unidos, após ser indicado pelo presidente Donald Trump, ganhou mais um elemento complicador neste domingo (23).

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Uma reportagem da revista The New Yorker afirma que senadores democratas investigam uma nova acusação de abuso sexual contra Kavanaugh. Depois de vir a público a acusação da professora Christine Blasey Ford, quem agora se diz vítima do magistrado é Deborah Ramirez, colega dele na Universidade Yale, onde estudou sociologia e psicologia.

Segundo o relato de Ramirez, Kavanaugh a teria assediado durante uma festa de estudantes no ano letivo de 1983/1984. Os gabinetes de ao menos quatro senadores do Partido Democrata receberam a denúncia, dos quais dois passaram a investigar as circunstâncias. Parlamentares republicanos também foram informados desse novo caso e teriam demonstrado preocupação com seu possível impacto no processo de aval ao juiz no Senado.

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A New Yorker relata que procurou Ramirez depois de ter tido acesso à denúncia, feita aos democratas por um advogado especializado em direitos civis. No começo, de acordo com a revista, ela não queria falar publicamente sobre o episódio, pelo fato de ter lapsos de memória daquele dia, pois havia consumido bebidas alcoólicas.

Passados seis dias em que se pôs a reconstituir as lembranças da festa e consultou um advogado, ela confirmou a versão de que, naquela noite, Kavanaugh se apresentou a ela e, em um determinado momento, esfregou o pênis em seu rosto e a forçou a tocá-lo enquanto ela tentava se desvencilhar da investida. Ramirez pede agora que o FBI (polícia federal do EUA) apure o papel do hoje juiz no episódio.

Em reportagem publicada no domingo, após as revelações de Ramirez, o New York Times contou que entrevistou dezenas de pessoas na semana passada, numa tentativa de corroborar sua história, mas “não encontrou ninguém com conhecimento em primeira mão”. “A própria Ramirez contatou ex-colegas de Yale perguntando se eles se lembraram do incidente e disse a alguns deles que ela não poderia ter certeza de que o Sr. Kavanaugh foi quem se expôs”, afirma a publicação.

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Resposta

Em um comunicado, Kavanaugh negou que o caso tenha acontecido e classificou o surgimento de denúncias contra ele de "acusação de última hora". "Isso é uma difamação, pura e simplesmente."

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Também em nota, a porta-voz da Casa branca Kerri Kupec disse que o governo Trump está ao lado do juiz e que há uma campanha dos democratas para "destruir a reputação de um homem bom".

Diante das novas acusações, a senadora democrata Dianne Feinstein, do Comitê Judiciário do Senado, enviou uma carta ao senador Charles E. Grassley, chefe da comissão de Justiça do Senado, pedindo o adiamento de qualquer procedimento relacionado à nomeação de Kavanaugh.

O indicado de Trump deve depor no Senado sobre a primeira acusação, de Christine Blasey Ford, na próxima quinta-feira (27). Ford também deve falar perante os senadores.