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O ano de 2019 foi marcado por movimentos anticorrupção espalhados pelo mundo. Na América Latina, Norte da África, Leste Europeu, Oriente Médio e Ásia Central, cidadãos foram às ruas protestar contra a corrupção em seus governos.
Mas mesmo com tantos cidadãos expressando sua indignação e cansaço com pequenos e grandes atos de corrupção, um número surpreendente de países mostrou nenhuma ou pouca melhora no combate à corrupção, segundo o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2019, divulgado nesta quinta-feira (22) pela ONG Transparência Internacional.
O ranking é uma classificação de 180 países "com base nos níveis percebidos de corrupção no setor público por especialistas de diversas instituições reconhecidas internacionalmente", explica o relatório (abaixo, confira o ranking completo). A pontuação do índice vai de 0 (altamente corrupto) a 100 (muito íntegro).
"Para que haja alguma chance de cercear a corrupção, os governos precisam fortalecer os freios e contrapesos, limitar a influência do dinheiro na política e garantir ampla participação nos processos de tomadas de decisão", aponta a publicação.
O Brasil ficou na posição 106 do ranking com 35 pontos, o pior resultado desde 2012.
Mais de dois terços dos países tiveram uma pontuação abaixo de 50 no IPC deste ano; a média geral foi de 43 pontos. As nações que tiveram as maiores pontuações foram Nova Zelândia e Dinamarca, cada um com 87 pontos, seguidas por Finlândia (86), Singapura (85), Suécia (85) e Suíça (85).
Países com as maiores pontuações
Os países que registraram as menores notas foram Somália, Sudão do Sul e Síria, com 9, 12 e 13 pontos respectivamente. Eles são seguidos de perto por Iêmen (15), Venezuela, Sudão, Guiné Equatorial e Afeganistão, cada um com 16 pontos.
Países com as menores pontuações
A região do globo com a maior pontuação foi a Europa Central e União Europeia, com média de 66 pontos, enquanto a África Subsaariana ficou com a menor pontuação, com média de 32 pontos.
Américas
A região das Américas manteve a pontuação média de 43 pelo quarto ano consecutivo. Em último lugar da região está a Venezuela, que ocupa a 173ª posição com 16 pontos. Em primeiro lugar nas Américas está o Canadá, que embora apresente um bom desempenho, teve uma queda de quatro pontos em relação ao ano anterior.
O relatório da Transparência Internacional fala sobre os desafios das Américas para o combate à corrupção, e cita a Operação Lava Jato, que expôs esquemas de corrupção em pelo menos dez países latino-americanos e "revela uma forte expansão de contribuições políticas ou doações ilegais como parte de um dos maiores escândalos de corrupção da história".
Nicarágua e México tiveram quedas consideráveis nos últimos oito anos do ranking, e obtiveram 22 e 29 pontos, respectivamente. A Nicarágua tem assistido ao crescimento de inquietações sociais e violações aos direitos humanos sob o regime de Daniel Ortega.
Os Estados Unidos caíram dois pontos desde o ano passado, atingindo a sua pior marca no IPC em oito anos. "Os EUA enfrentam um amplo leque de desafios, desde ameaças a seu sistema de freios e contrapesos, passando pela influência cada vez maior de interesses privados sobre o governo, até o uso de empresas de fachada por criminosos comuns, corruptos e até terroristas, com o objetivo de esconder atividades ilícitas", afirma o relatório.
Problemas no topo do ranking
Mesmo as nações com as pontuações mais altas no IPC não estão imunes à corrupção, segundo a Transparência Internacional. Alguns dos setores públicos mais íntegros do mundo ainda precisam lidar com a corrupção, particularmente casos de lavagem de dinheiro e outros tipos de corrupção privada.
Os países nórdicos lideram o IPC; Dinamarca, Finlândia, Suécia, Noruega e Islândia ocupam cinco das primeiras 11 colocações. No entanto, o relatório destacou alguns escândalos de corrupção transnacional que envolveram esses países, como o caso da gigante sueca de telecomunicações Ericsson, que em 2019 concordou em pagar US$ 1 bilhão para resolver um caso de suborno transnacional.
O caso envolvia uma campanha que durou 16 anos e que consistia em pagar para receber contratos na China, Djibuti, Kuwait, Indonésia e Vietnã. Essa foi a segunda maior multa já paga a autoridades dos EUA, segundo a publicação.
Conteúdo editado por: Helen Mendes