Pouco mais de 300 indígenas do leste da Bolívia começaram nesta segunda-feira uma marcha de 30 dias das suas aldeias até La Paz, em protesto contra a construção de uma rodovia que cruzará o coração da rica reserva ecológica onde vivem os nativos. O projeto para a construção da rodovia é do presidente boliviano Evo Morales, que sonha unir o altiplano à Amazônia boliviana.
A marcha começou após os indígenas escutarem uma missa na catedral de Trinidad, 500 quilômetros ao noroeste de La Paz. O dirigente indígena Adolfo Moye afirmou que os habitantes são contra a construção da rodovia porque temem a perda do seu modo de vida, baseado na caça, pesca e agricultura de subsistência. O vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera, disse que é um "exagero" afirmar que a rodovia "destruirá os bosques" do Parque Nacional Isiboro Sécure, uma área de 12 mil quilômetros quadrados na Bolívia central.
Evo Morales afirma que consultará os indígenas sobre a construção da rodovia mas disse que ela será feita porque é uma prioridade nacional. A construção da rodovia é defendida pelos moradores das cidades. A polêmica, contudo, decorre do fato de Evo ter se apresentado várias vezes como um defensor da ecologia e da "Mãe Terra". O projeto é apoiado pelo governo do Brasil, que financiará a obra. Uma construtora brasileira já recebeu a luz verde para começar a desmatar o trecho florestal que será cortado pela rodovia.
O governo boliviano também acusa organizações ambientalistas de instigarem os indígenas, mas a Liga de Defesa do Meio Ambiente opina que o verdadeiro interesse é explorar o petróleo. Na semana passada, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, José Luis Gutiérrez, disse que a região do parque obriga potenciais reservas de hidrocarbonetos.
Não foi o único protesto que aconteceu hoje contra o governo na Bolívia. Em El Alto, cidade proletária perto de La Paz, moradores bloquearam avenidas e ruas exigindo a realização neste ano de um censo que foi adiado no ano passado. Os moradores querem que a cidade tenha mais verbas do governo porque a população local cresce mais.
As informações são da Associated Press.
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