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Protestos

Indígenas da Amazônia boliviana retomarão passeata quando tensão dimiuir

Os indígenas que protestam na Amazônia da Bolívia para rejeitar a construção de uma estrada que dividirá um parque natural disseram neste domingo (24) que retomarão sua passeata quando diminuir a tensão provocada na véspera pela retenção por horas do chanceler do país, David Choquehuanca.

O dirigente do protesto indígena Fernando Vargas expressou essa posição, enquanto o presidente Evo Morales voltou a defender em discurso a polêmica estrada com o argumento que esta será parte de uma rota que passará por "toda a região amazônica".

Vargas, presidente do Território Indígena no Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), que será afetado pela estrada, disse à Agência Efe que os indígenas ratificaram neste domingo seu objetivo de avançar cerca de 30 quilômetros, até o povoado de Quiquibey, onde estão dispostos a dialogar novamente com o Executivo, mas estão à espera que a tensão na zona diminua.

Os indígenas superaram no sábado uma barreira policial quando um grupo de mulheres obrigou Choquehuanca, da etnia aimara, a se colocar na frente da marcha, o que o Governo qualificou como "sequestro", embora o chanceler não tenha usado esse termo.

Além do chanceler, foram detidos o vice-ministro de Coordenação com Movimentos Sociais, César Navarro, e um chefe policial, que foram libertados quando chegaram perto da cidade de Yucumo, cujo acesso ainda está bloqueado por centenas de agentes e camponeses e produtores de coca seguidores de Morales.

"Nosso objetivo é chegar a Quiquibey, o diálogo acontecerá lá. Não podemos dialogar aqui porque há policiais e cocaleiros entrincheirados", afirmou Vargas, que está em um acampamento instalado perto de Yucumo.

Em meio às duras críticas de seus colegas contra os incidentes de sábado, o chanceler também se mostrou favorável a permitir que a manifestação siga até La Paz, mas apontou que é uma decisão que deve ser analisada por todo o Executivo.

O protesto indígena, que completou neste domingo 41 dias, rejeita a construção da estrada financiada pelo Brasil alegando que causará a depredação das florestas e a invasão do parque por produtores de coca, base para a fabricação da cocaína.

O presidente Morales lidera as seis federações de produtores de coca da região de Chapare, na divisa com o parque.

O líder defendeu neste domingo em discurso a construção da estrada ao explicar que unirá os departamentos de Cochabamba (centro) e Beni (nordeste), integração que será parte de um corredor que passe por toda a Amazônia, ao unir regiões do Brasil com o Peru, através da Bolívia.

Morales deve visitar o parque nas próximas horas para se reunir com os dirigentes camponeses e produtores de coca que respaldam o projeto.

Até agora, fracassaram oito tentativas de diálogo para solucionar o conflito, uma vez que os indígenas pedem o final das obras na estrada, o que o Governo rejeita plenamente.

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