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Um grupo de mulheres campesinas indígenas da Bolívia convocou uma mastigação coletiva de folhas de coca em apoio à campanha internacional do presidente Evo Morales pela descriminalização dessa prática ancestral. O protesto está marcado para a próxima quarta-feira, cinco dias antes da Organização das Nações Unidas (ONU) se pronunciar sobre uma emenda apresentada pela Bolívia para levantar o veto à mastigação de folha secas de coca.

"Vamos mostrar que a folha de coca não é cocaína e sim parte de nossa cultura e que devemos defendê-la porque evita a fome, é medicinal e cura doenças como o reumatismo e o diabetes", disse a presidente da organização, Felipa Huanca. Os indígenas e organizações sociais que apoiam a campanha de Morales se sentarão nas praças do país em torno de pequenos montes de folhas secas de coca e as mastigarão em grupo, como fazem os indígenas bolivianos cada vez que vão realizar um trabalho coletivo.

O ministro de Relações Exteriores do país, David Choquehuanca, chegará nesta quinta-feira à Grã-Bretanha para solicitar apoio ao pedido da Bolívia para que a ONU se pronuncie a favor da retirada da proibição ao uso tradicional da coca. Choquehuanca já esteve na Espanha, França e Bélgica e encerrará sua viagem na Suécia. Morales conseguiu apoio dos países do Mercosul e da Unasul, dentre eles a Colômbia, que segundo o governo havia apresentado uma proposta de objeção ao projeto.

A Convenção sobre Entorpecentes da ONU de 1961 proíbe o uso da coca, considera ilegal sua mastigação e dá um prazo de 25 anos para a erradicação desta prática. Se um único país se opuser à proposta boliviana, o caso será analisado por uma conferência internacional. O governo dos Estados Unidos anunciou que vai apresentar sua objeção.

As folhas de coca têm um leve efeito estimulante e um profundo valor cultural e religioso para os povos indígenas dos Andes. Mastigadas ou preparadas como chá, combatem a vertigem em grandes altitudes, ajudam na digestão e eliminam a fome e o cansaço. Os indígenas as consomem deste o tempo dos incas.

Morales lançou uma campanha internacional após sua eleição, em 2005, para declarar o uso das folhas lícito. Ele masca as folhas de coca em fóruns internacionais e presenteia funcionários estrangeiros com artesanato feio com a planta. Uma das que recebeu o presente foi a então secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice.

Morales diz que não há razão para manter a proibição depois de mais de 50 anos em que não se conseguiu erradicar os usos tradicionais e terapêuticos da coca. A Bolívia é o terceiro produtor de coca e cocaína do mundo, depois da Colômbia e do Peru. As informações são da Associated Press.

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