Mar del Plata (AFP) – Os representantes das comunidades indígenas da América pediram ontem para que suas reivindicações sejam levadas em conta na hora das decisões sobre a integração continental, durante uma reunião com os chanceleres encarregados da preparação da 4.ª Cúpula das Américas, em Mar del Plata (Argentina).

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Um texto nesse sentido, assinado por delegados que representam 50 milhões de indígenas, solicita aos governos do continente americano que os acordos sobre temas econômicos e comerciais tenham como base condições de igualdade e justiça. Também destaca a necessidade de minimizar os impactos negativos, garantindo o respeito aos direitos humanos e à preservação da biodiversidade.

"O documento expressa os pontos mais preocupantes relacionados a como os acordos multilaterais afetam nossas comunidades" explicou Awkan Huilcaman, um líder mapuche chileno. "Nossos governos impulsionam o desenvolvimento sem consultar a nós, indígenas. Simplesmente nos ignoram", queixou-se Sonia Henrique, coordenadora da Liga Continental de mulheres indígenas.

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As comunidades nativas ressaltaram também as disputas sobre a propriedade da terra, recordando que em países como Brasil, Paraguai e Colômbia, as reclamações neste sentido levaram à ocupação de fazendas e a confrontos com a polícia. Sessenta e cinco por cento dos povos indígenas, que ocupam uma quarta parte das terras do continente, não possuem documentos que certifiquem seus direitos de propriedade. No Peru, os descendentes indígenas quíchuas e aimarás chegam a 45%.

Os indígenas expressaram preocupação com os efeitos das negociações comerciais sobre os ecossistemas e advertiram sobre o risco que representam para a biodiversidade algumas políticas de exploração dos recursos naturais, destinadas a satisfazer as políticas de mercado. Os delegados indígenas que portavam bandeiras de suas comunidades, muitos deles com trajes típicos, redigiram o documento durante uma assembléia paralela que reuniu, durante três dias, representantes dos povos autóctones que vivem do Alasca à Terra do Fogo.