A Indonésia assinou nesta quarta-feira um memorando de entendimento com uma unidade da empresa norte-americana Baxter International Inc. para desenvolver uma vacina contra gripe aviária em humanos, no momento em que Jacarta sofre críticas por não compartilhar suas amostras de vírus.
Informações anteriores sobre o acordo provocaram controvérsia, pois o documento foi relacionado à decisão da Indonésia de não compartilhar as amostras do vírus H5N1 com laboratórios estrangeiros.
Especialistas dizem que compartilhar as amostras é essencial para permitir que o estudo da composição do vírus e a evolução e disseminação geográfica de todas as versões. As amostras também são usadas para a fabricação de vacinas.
A Indonésia tem o maior número de vítimas de gripe aviária do mundo, com 63 mortes do total de 166 dos últimos quatro anos. A doença atinge principalmente aves, mas pode matar pessoas que tiveram contato próximo com animais contaminados.
Kim C. Bush, presidente da unidade de vacinas da Baxter Healthcare SA, unidade da Baxtar com sede na Suíça, disse na cerimônia de assinatura que a decisão sobre as amostras foi da Indonésia, e não da empresa.
``O fornecimento por parte do governo de cepas e amostras para outros países e agências é algo completamente sem ligação com a colaboração prevista no acordo. A Baxter não está envolvida nestes processos'', disse Bush em discurso.
``Certamente apoiamos e endossamos a melhor recomendação de prática feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o compartilhamento de vírus e dados sequenciais'', disse.
Especialistas criticavam a decisão da Indonésia de não compartilhar exemplares do vírus com laboratórios estrangeiros.
``Isso parece ser uma perversão dos direitos de propriedade. Parece perverso que se sintam prejudicados se outras pessoas usassem isso'', disse um infectologista de Hong Kong, que pediu para não ser identificado.
``Se um país ocidental fizesse isso, haveria condenação ampla. Como eles podem ser tão arrogantes e colocar o mundo em risco?''
Se o laboratório Baxter conseguir fabricar a vacina, ela dará proteção contra a versão H5N1 existente agora na Indonésia, mas não necessariamente contra outras mutações na Indochina, partes da Europa, no Oriente Médio e na África, nem contra transmissão entre humanos.
``É um tema ético. A necessidade de conhecimento não deveria ser confinada somente à Indonésia, é um problema mundial. Se a Indonésia fornecesse informação para uma empresa e deixasse esta empresa com o monopólio, o restante do mundo poderia ser afetado'', disse Lo Wing-lok, especialistas em doenças contagiosas, de Hong Kong.
O ministro da Saúde da Indonésia, Siti Fadillah Supari, defendeu a decisão, dizendo que os exemplares devem ser usados apenas para diagnósticos, e não para propósitos comerciais.
``As amostras que mandamos para a OMS foram direcionadas para seu centro de colaboração. Lá, foram usadas para vários propósitos, como desenvolvimento de vacina...ou pesquisa'', disse Supari.
``Depois, venderam a descoberta para nós. Isso não é justo. Nós ficamos doentes, eles pegaram as amostras através da OMS e com consentimento da OMS tentaram produzir para o seu próprio uso'', disse ela em conferência de imprensa depois da assinatura.
Segundo o acordo, a Indonésia tem o direito de produzir e comercializar a vacina em seu território e exportá-la para alguns países. A produção será realizada por empresas designadas pelo ministério da saúde.
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