Em mais um sinal de tensão entre os dois países, o Ministério das Relações Exteriores da Indonésia convocou nesta sexta-feira (20) o embaixador do Brasil em Jacarta, Paulo Soares, para uma reunião neste sábado (21).
A convocação foi uma reação do governo indonésio ao fato de a presidente Dilma Rousseff ter se recusado a receber, na manhã desta sexta, as credenciais de Toto Riyanto, novo embaixador do país do sudeste asiático no Brasil.
A negativa a receber as credenciais significa um gesto de censura por parte do Brasil diante do fato de a Indonésia ter executado o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53, em 18 de janeiro, e de ameaçar fuzilar Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, nas próximas semanas. Ambos foram condenados à morte naquele país por tráfico de drogas.
O Itamaraty trabalha com duas possibilidades de reação por parte da Indonésia, ambas negativas: 1) a Indonésia dirá ao Brasil que pretende convocar o embaixador Toto Riyanto para consultas --um sinal de reprovação, que o governo brasileiro já adotou logo depois de Marco Archer ter sido executado; 2) considerará o embaixador brasileiro "persona non grata" e dará prazo para que ele deixe a Indonésia.
Dificuldades
O fato é que qualquer uma dessas medidas atrapalhará as negociações diplomáticas entre Brasil e Indonésia para livrar Rodrigo Muxfedlt Gularte da execução. Nesta sexta (20), em Jacarta (capital do país), o Brasil entregou uma carta ao procurador-geral Indonésio, HM Prasetyo, e ao chefe da prisão onde Rodrigo está, Hendra Eka Putra, na qual pede para transferir o brasileiro para um hospital.
Rodrigo foi diagnosticado como tendo esquizofrenia, por médico credenciado pelo governo indonésio. A defesa dele e o governo brasileiro pretendem usar a doença para tirá-lo da lista de próximos executados --o governo local queria executá-lo em fevereiro, mas adiou a data, ainda não divulgada. Uma resposta ao pedido de internação é esperada para semana que vem, segundo Ricco Akbar, advogado que o defende.
A Indonésia pode ou não aceitar a internação do brasileiro. À imprensa local, o procurador-geral HM Prasetyo disse, também nesta sexta (20), que o fato de um prisioneiro ter doença mental não impede que ele seja executado. Ele não quis antecipar, no entanto, se Rodrigo será de fato fuzilado.
O brasileiro perdeu todos os recursos na Justiça para escapar da morte. Em 5 de janeiro, o presidente Joko Widodo negou pedido de clemência a Rodrigo - o último passo que, do ponto de vista legal, o impedia de ser morto.
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