Influencers de moda com um grande número de seguidores nas redes sociais foram duramente criticadas esta semana por elogiarem as condições de trabalho da marca de roupas chinesa Shein, após visitarem suas fábricas para fazer um documentário. A marca é conhecida por ser uma sweatshop (fábrica em que as condições de trabalho são precárias).
Dani Carbonari, AuJene Butler, Marina Saavedra e Destene Sudduth visitaram várias instalações da Shein em Guangzhou, na China, e gravaram imagens de funcionários “felizes e saudáveis” para o documentário.
Em abril, um grupo de congressistas americanos, incluindo líderes da Comissão Executiva do Congresso Sobre a China, enviou uma carta ao Departamento de Segurança Interna dos EUA para alertar que aplicativos de comércio eletrônico chineses, cada vez mais populares, poderiam permitir a importação de produtos fabricados com trabalho forçado de uigures, violando uma lei federal.
A Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado de Uigures, promulgada no final de 2021, proíbe a importação de produtos provenientes da região de Xinjiang, na China, com base na suposição de que foram produzidos com trabalho forçado. A lei foi uma resposta a evidências de violações dos direitos humanos pelo Partido Comunista Chinês naquela região. Essas atrocidades foram reconhecidas pelos EUA, outros governos, pela ONU e por inúmeras organizações de direitos humanos.
O aplicativo de compras viral da Shein foi alvo de investigação como uma das possíveis brechas que importadores poderiam explorar para contornar a proibição dessas importações. Além disso, a marca também foi acusada de maus-tratos aos trabalhadores em suas fábricas, incluindo baixos salários, condições de trabalho perigosas e a presença de materiais tóxicos em suas roupas, conforme relatado pelo Washington Times.
Em um vídeo no TikTok, outra plataforma de mídia social comprometida por sua relação com Pequim, Carbonari negou muitas das acusações contra a Shein e as classificou como "rumores". A influencer chamou uma das fábricas de "centro de inovação Shein".
As influencers também fizeram uma avaliação "extremamente positiva" do ambiente de trabalho nas fábricas e observaram que os trabalhadores pareciam "tranquilos". Carbonari disse estar "entusiasmada e impressionada com as condições de trabalho" e descreveu a Shein como uma operação "desenvolvida e complexa". Os funcionários entrevistados para o documentário se disseram “chocados” com as alegações de que a Shein utiliza trabalho infantil.
"A minha principal lição desta viagem foi pensar com a minha cabeça, buscar os fatos e ver com os meus próprios olhos", disse ela, de acordo com o site The Cut.
"Nos Estados Unidos, somos apresentados a uma narrativa e eu sou alguém que sempre gosta de manter a mente aberta e buscar a verdade. Portanto, sou grata por ter essa característica e espero o mesmo de vocês", completou.
Em 2022, a emissora britânica Channel 4 enviou um funcionário disfarçado para fazer imagens dentro de duas fábricas em Guangzhou que produzem roupas para a Shein, revelando as condições de trabalho lá. A emissora descobriu que em uma das fábricas os trabalhadores recebiam um salário-base de 4 mil yuans por mês, equivalente a cerca de US$ 556, para fabricar 500 peças de roupa por dia. Em outra fábrica, os funcionários recebiam o equivalente a quatro centavos por item produzido. Os trabalhadores em ambas as fábricas trabalhavam até 18 horas por dia, com apenas um dia de folga por mês.
Uma série de comentários criticou os vídeos, chamando as influencers de insensíveis e sugerindo que a empresa intencionalmente escondeu delas os aspectos menos agradáveis da fábrica. Carbonari respondeu em um vídeo, que foi excluído posteriormente, que as críticas dirigidas a ela e suas colegas eram injustas.
"Eu sei quem sou, sei exatamente o que estou fazendo e, para ser uma pioneira, às vezes é preciso aguentar muita m*", disse ela.
Copyright © 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.