A Inglaterra começou nesta segunda-feira (22) a fazer perfurações na costa das ilhas Malvinas (chamadas de Falklands pelos britânicos), informou a rede BBC, citando a Desire Petroleum, a petrolífera que fará o trabalho. A medida deve elevar as tensões com a Argentina, que reclama a posse das ilhas. A Inglaterra e o país sul-americano travaram uma breve mas sangrenta guerra em 1982 pela posse do arquipélago no Atlântico Sul. Cerca de mil pessoas morreram no conflito. A Argentina saiu derrotada.
A plataforma foi instalada a cem quilômetros ao norte das ilhas, e as perfurações estavam previstas para começar às 4 horas (horário de Brasília), segundo a BBC. As reservas estimadas são de 60 bilhões de barris de petróleo na região das Malvinas, mas um porta-voz da Desire Petroleun disse que a quantidade que pode ser usada comercialmente deve ser menor do que isso.
A atitude britânica de explorar petróleo no potencialmente rico fundo do mar ao redor do arquipélago enfureceu Buenos Aires. Na semana passada, o governo argentino ordenou que todas as embarcações com direção às Malvinas passando por suas águas deveriam, primeiro, pedir permissão de Buenos Aires antes de recorrer a outros poderes regionais. A Argentina conquistou ontem o apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Ele pediu à Inglaterra que desista das Malvinas e afirmou que "o tempo dos impérios acabou".
A Desire Petroleum afirmou que seu interesse é apenas na exploração do petróleo e que quer se distanciar da crescente discussão entre Londres e Buenos Aires. "A Desire é uma empresa petrolífera e está explorando petróleo e não vai se envolver no que a Argentina está falando sobre a Inglaterra. A plataforma está dentro dos limites das águas britânicas", disse o porta-voz David Willie à BBC.
A plataforma, a Ocean Guardian, foi trazida da Escócia. A Argentina afirma que a Inglaterra, país que faz parte do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), está contornando resoluções da entidade que pedem a realização de um diálogo sobre a disputa. As ilhas Malvinas estão localizadas a 450 quilômetros da costa sul da Argentina.
Argentina denuncia Desire Petroleum por violar resoluções da ONU
Cristina Kirchner, acusou a petrolífera inglesa Desire Petroleum de violar resoluções da ONU. "A instalação de uma plataforma para a busca de petróleo nas Ilhas Malvinas é uma violação das disposições da ONU", disse Cristina, nesta segunda-feira, durante discurso na cúpula dos presidentes dos países da América Latina e Caribe, em Cancún (México). A presidente reiterou que "a Argentina vai insistir em sua reivindicação pela soberania sobre as Ilhas Malvinas".
Cristina disse que a posse argentina das Malvinas é uma questão regional, porque, segundo argumentou, os conflitos pela soberania no século 21 são disputas pelos recursos naturais. Cristina também agradeceu o "forte apoio" dos presidentes latino-americanos, que vão assinar uma declaração conjunta sobre "os legítimos direitos da República Argentina" sobre as Malvinas
Segundo o jornal Clarín, diferentemente de declarações anteriores, o texto vai especificar que a disputa sobre a soberania, envolvendo, além das Malvinas, duas outras ilhas governadas pelo Reino Unido, Geórgia do Sul e Sandwich, inclui "os espaços marítimos circundantes".
Para a diplomacia argentina, esse detalhe é fundamental porque se refere à área que começou a ser explorada pela Desire Petroleum. Outro gesto importante, segundo a chancelaria argentina, é que os países do Caribe, que já foram colônias britânicas, também estariam dispostos assinar o documento de protesto contra o avanço do Reino Unido na exploração de petróleo nas águas das Malvinas.
Com o apoio do chanceler da Jamaica, Kenneth Baugh, o governo argentino teria o respaldo dos 14 países caribenhos, cuja maioria conseguiu sua independência da Grã-Bretanha nas últimas décadas.
A diplomacia argentina quer o apoio da comunidade internacional para pressionar o Reino Unido a cumprir a determinação ONU de negociar a soberania das ilhas. Na quarta-feira, em Nova York, o chanceler Jorge Taiana levará o assunto ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.
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