Nova Délhi (Das agências internacionais) – A Índia enviará tendas, comida e remédios para as áreas da Caxemira paquistanesa atingidas pelo poderoso terremoto do final de semana, que deixou dezenas de milhares de mortos. Mesmo enviada por vizinho com que Islamabad mantém relações hostis, a ajuda foi recebida de bom grado. Os dois países que detêm armas nucleares disputam justamente a região da Caxemira, palco de intensas batalhas. Até o início do século passado, o Paquistão era uma região da Índia onde predominava a religião islâmica. A batalha pela independência, iniciada nos anos 30, chegou ao fim em 1947, mas a divisão da Caxemira nunca ficou bem resolvida entre os hindus da Índia e os muçulmanos do Paquistão.

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O terremoto de 7,6 graus que atingiu a região nas primeiras horas de sábado conseguiu o que parecia impossível pelas vias diplomáticas: guerrilheiros declararam uma trégua temporária e as autoridades indianas anunciaram que envirão ajuda "em regime de urgência".

O tremor matou toda uma geração de paquistaneses, segundo o porta-voz das Forças Armadas do Paquistão, Shaukat Sultan. "Foi toda uma geração que se perdeu nas zonas mais afetadas. A maioria das vítimas é de crianças", disse o general Sultan sobre as conseqüências do abalo de terra cujo saldo de mortos já superou 20 mil – devendo ficar entre 30 mil e 40 mil. "O governo paquistanês nos disse que entre 30 mil e 40 mil pessoas morreram", afirmou Julia Leverton, porta-voz do fundo da ONU para a infância e adolescência (Unicef).

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Além dos mortos, cerca de 40 mil pessoas ficaram feridas em conseqüência do terremoto, que atingiu não só o Paquistão, mas também a Índia – onde o número de mortos é de 950 – e o Afeganistão, país em que 4 pessoas morreram. A ONU estima que 1 milhão de pessoas tenha sido efetivamente atingido pelo tremor e que 4 milhões tenham sido afetados de algum modo.

Na cidade de Muzaffarabad, epicentro do abalo sísmico, 70% das casas foram destruídas, segundo o governo paquistanês. Dos cerca de 600 mil habitantes da capital da Caxemira paquistanesa, acredita-se que 11 mil tenham morrido. A cidade está sem água, energia remédios e comida.

Muitas crianças morreram. "As equipes de resgate tiram os cadáveres das crianças de entre os escombros, mas não há ninguém que os reclame; seus pais também morreram", contou um oficial do Exército paquistanês.

Segundo integrantes da ONU habituados a operações de resgate, são pequenas as esperanças de encontrar ainda gente com vida. A ONU estima que 2.5 milhões de pessoas tenham ficado desabrigadas. Médicos temem que epidemias se instalem entre os sobreviventes. Deslizamentos de terra bloquearam estradas de acesso às áreas mais atingidas, e o Exército paquistanês está usando transporte aéreo para chegar aos locais, com ajuda também de aviões estrangeiros.