Como consequência da crise financeira, os países desenvolvidos, principalmente os que integram a União Europeia (UE), estão sofrendo com um aumento da instabiliade social. É o que aponta o relatório "Mundo do Trabalho", divulgado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
De acordo com o órgão, a agitação social, marcada por paralisações, protestos e manifestações de rua, havia aumentado na maioria dos países desde 2008, ano em que a crise começou. O maior risco, no entanto, "é maior entre os 27 países da EU, que aumentou de 34% em 2006-2007 para 46% em 2011-2012". Desses, os mais vulneráveis foram Chipre, República Tcheca, Grécia, Itália, Portugal (foto), Eslovênia e Espanha.
Outros números negativos chamaram a atenção. A quantidade de pessoas pobres cresceu entre 2010 e 2011 em 14 das 26 economias desenvolvidas analisadas, incluindo França, Espanha, Dinamarca e Estados Unidos.
A taxa de desemprego mostra que o mercado de trabalho ainda está longe de retornar a níveis pré-crise. O relatório estima que, em 2015, o número de pessoas desempregadas em 2015 chegue a 207,8 milhões superando o índice atual, de 200 milhões.
Com a conjugação dos problemas, os países desenvolvidos estão vivendo uma diminuição da classe média. Na Espanha, por exemplo, o grupo passou a representar 46% da população em 2010, quatro pontos abaixo do que representava em 2007.
América Latina
Os riscos e problemas não são uniformemente distribuídos pelo mundo. Diferentemente dos países de economia desenvolvida, os latino-americanos apresentaram melhora no ano passado. Em 2012, 57,1% da população dos países da região estava empregada, um ponto porcentual a mais que em 2007, último levantamento desenvolvido antes da crise financeira internacional.
Com o aumento do trabalho assalariado, cresceu também a classe média por aqui. Na comparação entre 1999 e 2010, a população dentro do grupo social cresceu 15,6% no Brasil e 14,6% no Equador.
A OIT destaca, entretanto, que a América Latina ainda enfrenta desafios e entraves econômicos. Entre eles, estão a desigualdade social, maior que a média internacional, e o emprego informal.