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Lideranças do regime foram julgadas, mas muitos fugiram
Os líderes do nazismo foram julgados pelos aliados em Nuremberg (1945-6), embora muitos tenham fugido para América Latina e Espanha. Israel chegou a capturar um em uma operação do Mossad (serviço de inteligência de Israel) na Argentina. Adolf Eichmann foi julgado e executado em 1962.
Além disso, Israel matou no Uruguai o letão Herbert Cukurs, também conhecido como o "carrasco de Riga", em 1964, e os tribunais acusaram em 1993 John Demjanjuk de ter sido "Ivan o Terrível" do campo de Treblinka.
Hoje, segundo Zuroff, os que vivem são oficiais que serviram nos campos sendo relativamente jovens, mas adverte que não por isso eram menos sanguinários e desumanos.
Definição
"Por criminoso de guerra nazista entendemos qualquer pessoa que serviu ao III Reich, ou a seus governos satélite (Croácia, Hungria, Bulgária), e que participaram das perseguições de inocentes, judeus e não judeus", explicou Efraim Zuroff.
Após a perseguição de figuras líderes do nazismo nas décadas de 1950 e 60, a busca enfraqueceu conforme avançava a Guerra Fria, embora nos últimos 20 anos tenha ganhado fôlego com processos e condenações de mais de cem nomes, muitos deles na Alemanha.
3 mil investigações sobre crimes de guerra cometidos por nazistas já foram abertas. Pelo menos 90 pessoas foram processadas na Europa.
Centenas, talvez milhares de criminosos de guerra nazistas ainda vivem impunes, salvos pela impossibilidade de identificar todos eles, sobretudo quando a maioria está mais próxima da "solução biológica" para acabar com essa página lamentável da história europeia.
"Ninguém, absolutamente ninguém, pode determinar quantos criminosos nazistas ainda seguem vivos", afirma o historiador Efraim Zuroff, diretor do escritório de Jerusalém do Centro Simon Wiesenthal.
Por causa da morte em agosto do húngaro Laszlo Csatary, um dos criminosos de guerra mais procurados dos últimos anos, Zuroff lembrou que a idade média desta geração está perto dos 90 anos e advertiu que as recentes campanhas para encontrá-los e puni-los chegaram tarde.
Para tentar impedir que esses criminosos morram sem serem julgados, o Centro Wiesenthal espalhou há algumas semanas mais de 20 mil cartazes em três cidades alemãs oferecendo recompensa de 25 mil euros por informação fidedigna.
"Recebemos dezenas de nomes, agora é preciso investigar", destacou Zuroff sobre o trabalho que tem ocupado a instituição desde sua fundação, em 1993, e que nada tem a ver com o de Documentação Judia em Viena, fundado e dirigido pelo austríaco Simon Wiesenthal, sobrevivente do Holocausto.
Caçador
Morto aos 96 anos, em 2005, Wiesenthal foi a primeira pessoa que se propôs a buscar os criminosos nazistas responsáveis pela morte de 6 milhões de judeus europeus no Holocausto, trabalho que foi assumido por Zuroff e que o tornou conhecido como o "último caçador de nazistas".
Último porque já faz tanto tempo da Segunda Guerra que todos os que a viveram já estarão mortos na próxima década. Nascido nos Estados Unidos pouco depois da barbárie nazista, Zuroff afirma que quer lutar "até o final" porque a condenação formal é importante, mesmo que nenhum deles passe um só dia na prisão.
Caso de Csatary, que Zuroff descobriu em Budapeste, e morreu enquanto aguardava julgamento na Eslováquia pela deportação a Auschwitz de 15.700 judeus. Pelos crimes cometidos na Segunda Guerra Mundial no campo de concentração húngaro de Kosice, Csatary chegou a ser condenado à revelia à pena de morte em 1948, mas fugiu e só foi descoberto mais de 60 anos depois, em 2011.
Até então Csatary liderava o "Top Ten" do Centro Wiesenthal. Costumam estar no topo dois altos oficiais nazistas cuja morte não está confirmada cientificamente: Alois Brunner, figura chave na aplicação da "solução final", e Aribert Heim, médico de vários campos de extermínio.