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Fachada do Instituto de Artes de Detroit, que tem o acervo classificado entre os seis melhores dos Estados Unidos e é um dos locais que resiste à crise em que a cidade mergulhou em 2008 | Vasenka Photography/Creative Commons
Fachada do Instituto de Artes de Detroit, que tem o acervo classificado entre os seis melhores dos Estados Unidos e é um dos locais que resiste à crise em que a cidade mergulhou em 2008| Foto: Vasenka Photography/Creative Commons

66 mil peças compõem o acervo do Instituto de Artes de Detroit, que tem mais de 100 galerias, um auditório com 1.150 lugares e uma sala de recitais com 380 assentos. Entre as obras, há trabalhos de Pablo Picasso, Van Gogh, Caravaggio e Rodin, e relíquias de arte egípcia e islâmica.

Sócios

No site do museu há um convite para que as pessoas se associem à entidade a fim de ajudar a manter as exposições especiais e os custos rotineiros e para "assegurar que este incrível museu vai resistir como uma fonte de arte e inspiração para as gerações que estão por vir". Aqueles que quiserem se tornar sócios podem desembolsar, por ano, de US$ 60 (para idosos a partir de 62 anos) até US$ 10 mil.

US$ 330 milhões serão doados ao museu para salvá-lo da crise atual que a cidade está passando. O valor também garantirá à instituição mais estabilidade e independência da prefeitura de Detroit.

  • Picasso, Van Gogh, Diego Rivera, Paul Gauguin e Basquiat: um dos melhores museus dos EUA tem como marca a diversidade da coleção, que vai de arte contemporânea a clássicos

Sacrificar um museu para salvar uma cidade quebrada? Este cenário está agora mais longe de acontecer em Detroit, depois que um juiz descartou uma nova taxação das obras e outro criou uma campanha de recolhimento de fundos à qual se somaram várias fundações e um governador.

Veja a situação econômica de Detroit

Detroit, sob a pressão da pior quebra municipal da história dos Estados Unidos, corre contra o tempo há meses a fim de evitar que seus quadros de Van Gogh e outras obras do Instituto de Artes acabem transformados em dinheiro para acalmar os credores.

O juiz Gerald Rosen, que se autoproclamou mediador e lidera um movimento para arrecadar US$ 500 milhões, número que segundo seus cálculos permitiria salvar as pensões e outras prestações municipais em perigo. A soma evitaria que Detroit, uma cidade em tempo de vacas magras com uma fama atual de decadente e perigosa, receba o golpe moral de ficar sem um dos poucos pontos de prestígio que ainda conserva: sua coleção de arte, uma das seis melhores do país.

Mais

Outro juiz, Steven Rho­­des, foi quem deu sinal verde para que a cidade pudesse se declarar quebrada, rejeitou na última quarta-feira a última exigência dos credores: uma segunda taxação da coleção do museu que inclua desta vez todas as obras e não só as adquiridas com fundos municipais.

Os credores consideram "conservadora e insuficiente" a taxação que a prefeitura encarregou à casa de leilões Christie’s, que estimou que as obras compradas pela cidade, um total de 2.773 peças que representam apenas 5% do total, teriam um valor de venda de US$ 454 milhões a US$ 867 milhões.

Rhodes descartou sem rodeios a criação de uma comissão para avaliar as 66 mil peças do museu com o argumento de que não compete a ele fazer isso. O juiz não escondeu que, embora tivesse autorização para atender a essa demanda, não o faria.

O magistrado é um ator-chave no desenlace desta disputa entre a arte e as dívidas e a partir de suas palavras é possível perceber uma evidente reticência sobre a prefeitura pagar os erros de sua gestão com o patrimônio dos cidadãos.

Rhodes não foi o único a ter boas notícias sobre o Instituto de Artes de Detroit, o governador do estado de Michigan, Rick Snyder, propôs uma verba de US$ 350 milhões para os próximos 20 anos, destinada a aliviar a quebra da cidade e, concretamente, a cobrir as pensões dos aposentados.

Economia

Doações ajudam museu a se livrar de dependência do poder público Nove fundações privadas atenderam ao apelo do juiz Gerald Rosen e doarão US$ 330 milhões ao Instituto de Artes de Detroit. Os fundos não só poderiam salvar o momento presente do museu, mas também o deixariam blindado perante vaivéns econômicos futuros. Se a iniciativa progredir, o Instituto de Arte de Detroit se transformaria em uma organização sem fins lucrativos, independente tanto do poder municipal como das fundações, o que colocaria um ponto final em uma história de contínuos sobressaltos para a pinacoteca, inaugurada em 1919. A cada doação, os responsáveis do museu comemoram, e esperam que, com o apoio explícito da Justiça, do governador e dos profissionais da cultura do país afaste o cenário mais temido: a venda das grandes obras de um dos mais importantes museus do país.

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