Escritores, intelectuais e um ex-presidente do Tribunal Constitucional se reuniram em Milão no sábado (5) contra o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, acusando-o de destruir a reputação internacional da Itália.

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Cerca de 9.000 pessoas lotaram uma sala de concertos nos arredores de Milão, e centenas de pessoas assistiram em telões, do lado de fora, enquanto os autores Roberto Saviano e Umberto Eco criticavam Berlusconi, de 74 anos, que está envolvido em um escândalo sexual.

'Existe uma Itália que tem o direito e o dever de se mostrar e erguer sua voz. Uma Itália que acredita em regras e na legalidade', disse Saviano, cujo Romance 'Gomorra', sobre a máfia de Nápoles, lhe trouxe fama internacional.

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Ele conclamou a Itália a se rebelar contra 'um primeiro-ministro, que, por sofrer de uma obsessão sexual senil, paga garotas menores, mente ao Estado e foge dos tribunais'.

Berlusconi tem resistido aos apelos para renunciar por causa do escândalo, que tornou famosa a adolescente, dançarina de cabaré chamada 'Ruby' e que os promotores o acusam de ter pagado para fazer sexo com ela, quando ela tinha menos que 18 anos, a idade mínima legal para a prostituição na Itália.

Os promotores também acusam Berlusconi de abusar da sua posição para mandar liberá-la da delegacia, para onde ela foi levada por suspeita de roubo, falsidade ideológica e por ter dito aos policiais que seria sobrinha do presidente egípcio, Hosni Mubarak.

Berlusconi negou as acusações. Ele diz que está sendo perseguido por magistrados com motivações políticas.

Um número crescente de protestos estão acontecendo em toda a Itália, muitas vezes organizados espontaneamente via Internet, embora pesquisas de opinião mostrem que, até agora, a base eleitoral, conservadora, de Berlusconi tem ignorado o escândalo.

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Cerca de 3.000 pessoas protestaram em Florença no sábado, batendo panelas e empunhando cartazes que diziam: 'A Itália não é um bordel' e 'Tire as mãos da nossa dignidade'.

Durante o protesto em Milão, cidade de Berlusconi e seu reduto eleitoral, o escritor e filósofo Umberto Eco, conhecido pelo seu livro 'O Nome da Rosa' (1980), disse que é um dever se opor a Berlusconi, lembrando que muito poucos se opuseram a Mussolini durante o fascismo.

O jornalista televisivo Gad Lerner disse que a Itália se tornou 'uma anomalia absoluta' e que, em qualquer democracia normal, 'o primeiro-ministro teria renunciado há muito tempo, depois de cometer os atos que Berlusconi cometeu'.

Durante semanas os jornais italianos vem publicando partes das provas apresentadas pelos promotores, principalmente telefonemas de jovens mulheres que dizem ter recebido dinheiro, joias e, em alguns casos, moradia gratuita do bilionário magnata da mídia.

Outro protesto está previsto para o domingo, do lado de fora da suntuosa casa de Berlusconi, perto de Milão, onde, segundo os promotores, teriam ocorrido as festas sexuais. Os manifestantes disseram que pretendem jogar preservativos na direção da casa de Berlusconi.

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