O ex-presidente guatemalteco Otto Pérez Molina acusou os Estados Unidos, na quarta-feira (9), de ajudar a derrubá-lo, interferindo no país e endossando uma comissão anticorrupção apoiada pela Organização das Nações Unidas.
Um juiz da Guatemala ordenou na terça-feira que Pérez Molina -- acusado de associação criminosa, aceitar suborno e fraude na alfândega -- permaneça na prisão enquanto aguarda julgamento sobre um escândalo de corrupção que alimentou uma crise política antes da eleição presidencial.
O Ministério Público da Guatemala e o poderoso órgão anticorrupção apoiado pela ONU, a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), se posicionaram contra Pérez Molina depois de meses de investigações e conclusões extraídas de cerca de 89.000 escutas telefônicas, quase 6.000 e-mails e 17 operações de revista.
Em uma série de reuniões que começou no início deste ano, o governo dos EUA pressionou o então presidente da Guatemala a livrar sua administração de funcionários corruptos e renovar o mandato da CICIG, disseram à Reuters funcionários com conhecimento direto das negociações.
“Neste momento, nós vemos a CICIG como uma interferência dos Estados Unidos, que pressionaram mais por isso”, disse Pérez Molina ao canal de televisão de língua espanhola da CNN, em uma entrevista na prisão militar onde está sendo mantido.
Ao lhe perguntarem se acreditava que os Estados Unidos haviam ajudado a derrubá-lo, pressionando pela investigação e corrupção, ele disse: “Sim, com certeza”.
Pérez Molina, de 64 anos, um veterano general reformado foi eleito no final de 2011 com a promessa de combater o crime e a corrupção. Ele renunciou ao cargo de presidente na semana passada, quando a Guatemala se encaminhava para a eleição presidencial, que terá um segundo turno.
Ele está detido na prisão enquanto aguarda uma audiência sobre as acusações de que embolsou milhões de dólares com contrabando.