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José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo da Espanha (2004-2011), em encontro com Maduro na Venezuela em 2018
José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo da Espanha (2004-2011), em encontro com Maduro na Venezuela em 2018| Foto: EFE/Cristian Hernández

Órgãos de imprensa da Espanha noticiaram que o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, ex-presidente do governo espanhol (2004-2011), intermediou as negociações entre a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela e a gestão de Pedro Sánchez para que o oposicionista Edmundo González viajasse para receber asilo político no país europeu no último fim de semana.

Segundo fontes consultadas pelo jornal espanhol El Diário, as conversas duraram oito dias e Zapatero teve um “papel decisivo” nelas. González estava na Embaixada da Holanda em Caracas desde 29 de julho, dia seguinte à eleição presidencial na Venezuela, e tinha uma ordem de prisão contra si desde o início da semana passada.

A notícia do envolvimento de Zapatero não chega a causar surpresa, considerando as relações do ex-presidente espanhol com a ditadura de Maduro – ele estabeleceu contratos com o regime de Hugo Chávez quando era chefe de governo na Espanha, criticou sanções impostas à Venezuela, intermediou a saída de presos políticos para outros países e referendou processos eleitorais venezuelanos anteriores, atuando como observador.

Na semana passada, o jornal El Debate informou que o regime chavista estava incomodado justamente porque, desta vez, Zapatero não veio defender o processo eleitoral de julho, que o chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE) diz ter sido vencido por Maduro. A oposição alega que González venceu a disputa e publicou cópias de atas de votação para comprovar.

A Espanha nega que tenha negociado com a ditadura da Venezuela a saída de González. O número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, afirmou que houve conversas.

Em todo caso, a suposta intermediação de Zapatero vem gerando críticas dentro e fora da Espanha. O vice-secretário de Assuntos Institucionais do oposicionista Partido Popular, Esteban González Pons, falou sobre o assunto no X, segundo o El Diário.

“Sánchez e as ações corruptas de Zapatero deveriam ser econômicos em autoelogios: retirar Edmundo González [da Venezuela] sem reconhecê-lo como presidente legítimo não é fazer um favor à democracia, mas sim resolver um problema da ditadura. Faria o mesmo em Cuba se pedissem a ele”, escreveu.

Julio Borges, ex-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela que está asilado na Colômbia, também fez críticas em entrevista ao El Debate.

“Zapatero tem muitos interesses em jogo na Venezuela, tornou-se uma espécie de chanceler/assessor de Maduro”, disse Borges.

“Mais uma vez, Zapatero sairá reivindicando sua posição de mediador e dizendo que graças a ele, Edmundo está seguro e prisioneiros foram libertados na Venezuela. Ninguém deveria cair nessa farsa da Espanha. Tudo isso é uma artimanha para arrancar o triunfo histórico que o povo, María Corina [Machado, líder oposicionista] e Edmundo alcançaram em 28 de julho. Mas eles não conseguirão”, disparou.

Em agosto, o sindicato conservador espanhol Mãos Limpas apresentou uma denúncia no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Zapatero, acusando-o de crimes contra a humanidade devido à sua relação com Maduro e citando supostos negócios do ex-presidente na Venezuela, como a concessão de uma mina de ouro – que ele nega.

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