A internet pode se tornar a grande vilã da luta contra a Aids, com a disseminação de informações falsas sobre a doença pela web. Os médicos alertam, na edição desta semana da revista "PloS Medicine", que há pessoas na rede fortalecendo mentiras que chegam até a negar o fato de que o HIV é o causador da enfermidade. As conseqüências dessas "teorias da conspiração" podem ser fatais.
Depois de mais de duas décadas de estudos, a Aids continua mortal e incurável, mas os cientistas já avançaram muito em seu entendimento. Não há dúvidas de que o HIV é o causador da doença e de que, até agora, a melhor forma de combate ao vírus é a prevenção.
Ainda assim, grupos de pessoas divulgam milhares de páginas na rede mundial de computadores com informações falsas, baseadas principalmente na falta de confiança nos cientistas. Uma verdadeira teoria da conspiração que vai desde afirmar que os americanos "inventaram" a Aids, passando por idéias de que as farmacêuticas já têm a vacina, mas não querem vendê-la, até a mais perigosa: de que a camisinha seria ineficaz e dispensável.
"Parece inacreditável que 23 anos após a identificação do HIV ainda há negação de que o vírus é a causa da Aids", afirmaram, em nota, os autores do artigo Tara Smith, da Universidade de Iowa, e Steven Novella, da Universidade de Yale.
De acordo com os dois, quem discorda do que se sabe sobre a Aids na internet ou nega a autoridade dos cientistas ou acredita que a maior parte da comunidade científica está "vendida" para outros interesses.
Esse descrédito na ciência pode fazer quem acredita nas mentiras partir para outras "alternativas" de tratamento e prevenção. É aí que mora o perigo. Quem não está contaminado pode se colocar em risco, por exemplo, ao abandonar as práticas de sexo seguro. Quem já tem o HIV pode colocar sua própria vida em jogo, com terapias ineficientes, e outras pessoas em perigo, ao expô-las ao vírus.
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