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Mark Zuckerberg, fundador do Facebook: para especialistas, erosão do anonimato é um produto dos universais serviços de mídia social | Anthony Bolante/Reuters
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook: para especialistas, erosão do anonimato é um produto dos universais serviços de mídia social| Foto: Anthony Bolante/Reuters

Plus reacende disputa entre Facebook e Google

A rede social do Google chegou, mais uma vez. A nova tentativa já era esperada – e o burburinho aumentou à medida que o Google espalhava bo­­tões +1 pela internet e mudava o visual da barra de ferramentas. Então, na na última semana veio o Google+, ou Plus, só para convidados. Embora o buscador tente fugir da comparação com o Facebook, fica claro que a competição ficou mais apertada. A resposta veio rápido: na quinta-feira Mark Zu­­cker­­berg anunciou um novo re­­curso, a vídeochamada via Skype.

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Recentemente, uma mulher entrou numa discussão com o motorista do ônibus em que estava e se defendeu dizendo: "Você sabe que faculdades frequentei e como sou bem instruída?" Bem, ela foi identificada publicamente – depois que outra pessoa no ônibus postou no YouTube um vídeo de celular mostrando a briga. A mulher, que havia frequentado a Uni­versidade de Nova York, foi ridicularizada por um grupo de blogueiros, um dos quais apelidou o episódio de ‘Nome e Vergonha na Web’.

Mulheres que trocavam correspondências online com o ex-congressista Anthony D. Weiner aprenderam, de forma similar, a rapidez com que usuários da internet podem arrancar todos os detalhes da vida virtual de uma pessoa. O mesmo aconteceu com os homens que incendiaram carros e saquearam lojas após a derrota do Vancouver na Stanley Cup, recentemente, quando foram identificados por conhecidos on-line.

A inteligência coletiva dos 2 bilhões de usuários da rede e as impressões digitais que tantos usuários deixam em sites aumentam cada vez mais as probabilidades de que cada vídeo embaraçoso, cada foto íntima e cada e-mail indelicado seja atribuído à sua fonte – quer você queira, quer não. Essa inteligência torna a esfera pública mais pública do que nunca, e algumas vezes coloca vidas pessoais à vista do público.

Para alguns, isso pode evocar comparações aos agentes de governos repressores no Oriente Médio, que monitoram protestos on-line e aplicam retribuições off-line. Mas os efeitos positivos podem ser muitos: a criminalidade pode ser investigada, falsidades podem ser refutadas e indivíduos podem se tornar ícones da internet.

Quando Rich Lam, um fotógrafo freelance, avaliou suas fotos dos levantes em Vancou­ver, ele viu várias imagens de um homem e uma mulher, cercados pelos policiais da tropa de choque, no meio de um beijo do tipo ‘ninguém está olhando’. Quando as fotos foram publicadas, uma rede mundial se iniciou para identificar o ‘casal do beijo’. Em apenas um dia, os pais do casal haviam indicado suas identidades a sites de notícias, e ali estavam eles, numa segunda-feira recente, no programa de televisão Today: Scott Jones e Alex Thomas, a mais nova prova de que, graças à internet, cada dia pode ser um dia que será lembrado no mundo todo. "É impressionante que houvesse alguém ali para tirar uma foto", disse Thomas no Today.

O ‘casal do beijo’ provavelmente terá a fama de apenas uma tuitada, mas é notável que eles tenham sido rastreados em primeiro lugar.

Público x privado

Essa erosão do anonimato é um produto dos universais serviços de mídia social, dos celulares com câmeras, de hospedagens gratuitas de foto e vídeo – e, talvez mais importante de tudo, de uma mudança nas visões populares sobre o que deveria ser público e o que deveria ser privado. Especialistas afirmam que sites como o Facebook, que exigem identidades reais e estimulam o compartilhamento de fotos e vídeos, apressaram essa mudança.

"O ser humano não quer nada mais do que se conectar, e as empresas que nos conectam eletronicamente querem saber quem está dizendo o que, e onde", afirmou Susan Crawford, professora da Benjamin N. Cardozo School of Law. "Como resultado, somos mais conhecidos do que jamais fomos".

Essa crescente fenômeno vem com importantes conse­quências para o comércio, o discurso político e o direto à privacidade de pessoas comuns. Há iniciativas de governos e corporações para criar sistemas de identidade online. A tecnologia terá um papel ainda maior na identificação de indivíduos antes anônimos: o Facebook, por exemplo, já está usando tecnologias de reconhecimento facial de formas que vêm alarmando os reguladores europeus.

Após o levante em Van­cou­ver, os locais não precisaram de nenhuma tecnologia de reconhecimento facial – eles simplesmente entraram em sites de mídias sociais para tentar identificar alguns dos envolvidos, como Nathan Kotylak, de 17 anos, estrela da equipe júnior de polo aquático do Canadá.

No Facebook, Kotylak se desculpou pelos danos que havia causado. O caso afetou não só ele, mas também sua família: a mídia local relatou que seu pai, que é médico, viu sua avaliação no site RateMDs.com – de revisão da prática médica – cair após as pessoas postarem co­­mentários sobre o envolvimento de seu filho nas manifestações. Subsequentemente, outras pessoas entraram no site para defender o médico e melhorar sua avaliação.

Previsivelmente, houve revolta em relação ao uso da internet para identificar as pessoas envolvidas nos tumultos. Camille Cacnio, estudante de Vancouver que foi fotografada durante o levante e que admitiu ter roubado, escreveu em seu blog que a "caça às bruxas do século 21" na internet era "mais uma forma de assédio moral".

Em Nova York, a mulher vítima de escárnio online pela briga no ônibus cancelou suas contas no Twitter e no LinkedIn assim que seu nome apareceu em blogs. Embora a pessoa que postou o vídeo inicialmente o tenha retirado, outras pessoas rapidamente o replicaram, dando nova vida à história. O responsável pelo vídeo original permanece desconhecido, pois sua conta no YouTube foi fechada.

Identificação

A meio mundo de distância, em países do Oriente Médio como Irã e Síria, ativistas já conseguiram identificar vítimas da violência ditatorial usando vídeos do YouTube publicados anonimamente. E também conseguiram identificar fraudes: num caso amplamente divulgado em junho, uma blogueira que alegava ser uma lésbica sírio-americana e chamava a si mesma de ‘uma mulher gay em Damasco’, era na verdade um homem dos EUA, Tom MacCaster.

A investigação foi conduzida por Andy Carvin, estrategista da NPR que cobria exaustivamente os protestos do Oriente Médio no Twitter. Quando suas fontes lhe disseram desconfiar da identidade da blogueira, "eu apenas comecei a fazer perguntas no Twitter e no Facebook", contou Carvin à CNN. "Algum de vocês já a co­­nheceu pessoalmente? Vocês a conhecem? Quanto mais eu perguntava, menos ficava sa­­bendo – pois ninguém a co­­nhecia, nem mesmo os repórteres que supostamente a teriam entrevistado".

Carvin, seus seguidores online e outros usaram fotos e dados de servidor para ligar o blog à esposa de MacMaster.

"A publicidade" – algo geralmente associado a celebridades – "deixou de ser esparsa", escreveu Dave Morgan, presidente da Simulmedia, num ensaio em junho. Segundo ele, como a internet "não pode ser obrigada a esquecer" imagens e momentos do passado, como um surto num trem ou um beijo num levante popular, "a realidade de um mundo inevitavelmente público é um assunto sobre o qual todos nós ainda ouviremos muito a respeito".

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