Costa do Sauípe - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, no encerramento da Cúpula da América Latina e Caribe (Calc), que os países da região devem reforçar a intervenção do Estado na economia. Segundo Lula, para enfrentar a crise financeira internacional, a melhor opção não é o ajuste fiscal.
"O Estado, que não valia nada, passou a ser o salvador da pátria", disse Lula, referindo-se às medidas adotadas pelos países desenvolvidos e por nações latino-americanas que vêm investindo dinheiro do Estado em bancos privados e no setor produtivo.
Segundo o presidente, o Estado deve ter um papel cada vez mais relevante, neste momento, em investimentos em infra-estrutura, no setor habitacional e em todos os que geram empregos.
A crise financeira internacional dá uma oportunidade, na avaliação de Lula, para o mundo definir o modelo econômico que pretende adotar.
Em uma crítica a países da Europa e aos Estados Unidos, o presidente brasileiro afirmou que os recursos que eles injetaram na economia "não chegaram à ponta", porque não foram destinados à produção, e sim "para salvar o sistema financeiro da quebradeira".
Lula cobrou do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (Bird) e do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da ONU que apresentem periodicamente uma "prestação de contas de até onde e até quando vai a crise."
"Alguma coisa está errada", acrescentou, "quando as pessoas tiram o dinheiro do meu país, que tem o maior juro do mundo, para pôr nos Estados Unidos."
Modelo regional
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, cobrou a reforma dos organismos financeiros multilaterais e propôs a articulação de um modelo regional de tomada de decisões.
Cristina responsabilizou novamente os países desenvolvidos pela crise econômica e financeira que, segundo ela, é também uma "crise de ordem política". O motivo é que, segundo a presidente argentina, um grupo reduzido de países decide pelos outros e de forma paralela aos organismos internacionais, como as Nações Unidas e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo Kirchner, para a América Latina, o importante seria ter uma posição uniforme nesses organismos, porque "não se pode sustentar o duplo padrão". A presidente acusou os EUA de nunca cumprirem regras e de exportar sua crise para países que sustentaram o crescimento da economia mundial.
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