Líderes vão à praia
A semana de encontros sem grandes decisões entre líderes latino-americanos no Brasil termina em meio a uma pequena polêmica praiana.
Proposta anti-EUA de Morales é rejeitada
A proposta do presidente da Bolívia, Evo Morales, de dar um prazo ao governo norte-americano para eliminar o embargo a Cuba, sob pena de retirada dos embaixadores em Washington de todos os países da América Latina e do Caribe, não foi incluída na declaração final da Cúpula da América Latina e Caribe.
Brasil não é "líder único", diz Chávez
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou ontem que "o Brasil exerce uma liderança importante na América Latina, mas na região não há um líder único. Chávez participou, ao lado de outros presidentes e líderes latino-americanos, da Cúpula da América Latina e do Caribe.
Costa do Sauípe - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, no encerramento da Cúpula da América Latina e Caribe (Calc), que os países da região devem reforçar a intervenção do Estado na economia. Segundo Lula, para enfrentar a crise financeira internacional, a melhor opção não é o ajuste fiscal.
"O Estado, que não valia nada, passou a ser o salvador da pátria", disse Lula, referindo-se às medidas adotadas pelos países desenvolvidos e por nações latino-americanas que vêm investindo dinheiro do Estado em bancos privados e no setor produtivo.
Segundo o presidente, o Estado deve ter um papel cada vez mais relevante, neste momento, em investimentos em infra-estrutura, no setor habitacional e em todos os que geram empregos.
A crise financeira internacional dá uma oportunidade, na avaliação de Lula, para o mundo definir o modelo econômico que pretende adotar.
Em uma crítica a países da Europa e aos Estados Unidos, o presidente brasileiro afirmou que os recursos que eles injetaram na economia "não chegaram à ponta", porque não foram destinados à produção, e sim "para salvar o sistema financeiro da quebradeira".
Lula cobrou do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (Bird) e do Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da ONU que apresentem periodicamente uma "prestação de contas de até onde e até quando vai a crise."
"Alguma coisa está errada", acrescentou, "quando as pessoas tiram o dinheiro do meu país, que tem o maior juro do mundo, para pôr nos Estados Unidos."
Modelo regional
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, cobrou a reforma dos organismos financeiros multilaterais e propôs a articulação de um modelo regional de tomada de decisões.
Cristina responsabilizou novamente os países desenvolvidos pela crise econômica e financeira que, segundo ela, é também uma "crise de ordem política". O motivo é que, segundo a presidente argentina, um grupo reduzido de países decide pelos outros e de forma paralela aos organismos internacionais, como as Nações Unidas e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo Kirchner, para a América Latina, o importante seria ter uma posição uniforme nesses organismos, porque "não se pode sustentar o duplo padrão". A presidente acusou os EUA de nunca cumprirem regras e de exportar sua crise para países que sustentaram o crescimento da economia mundial.
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