Membros da Federação Especial de Comunidades Interculturais de San Julián e Guarayos, organizações sindicais ligadas ao ex-presidente boliviano Evo Morales, ameaçam de morte empresários que possuem propriedades na região de Santa Cruz.
O líder do grupo, Sixto Canaza, atualmente cumpre pena em prisão domiciliar, após ter sequestrado policiais e jornalistas no setor Las Londras, há dois anos. Apesar da detenção, ele segue ativo nas intimidações contra os donos de terra.
Os invasores chegaram a ocupar uma área privada de 1.800 hectares durante a época de colheita de soja e, depois de venderem a produção, declararam-se agricultores sem terra. Em meio a confrontos com agricultores de Santa Cruz, duas pessoas que integram as organizações morreram e, desde então, as ameaças dispararam na região.
Após os episódios, aliados do presidente esquerdista boliviano divulgaram um comunicado no qual condenaram à morte os empresários proprietários de terras "assentados no setor de Las Londras".
“A Federação Especial de Comunidades Interculturais, Produtores Agrícolas de San Julián Norte, juntamente às comunidades das Pailitas centrais, os filhos da família intercultural da Federação Norte, resolvemos condenar à morte os empresários proprietários de terras no setor de Las Londras”.
Um dos membros da organização sindical de San Julián, Nicolás Ramírez Taboada, chegou a declarar: “Agora vamos pegar em armas e vamos criar um espaço de respeito”.
Diante dos ataques violentos, o dirigente do Comitê Pró-Santa Cruz, Fernando Larach, se manifestou sobre a omissão do governo de Luis Arce para evitar uma escalada na disputa territorial. “Onde estão os ministros do governo, o vice-Ministro do Regime Interior, o procurador departamental e o comandante departamental para prender este homem? Isso é um crime flagrante. Quando o caso Las Londras será resolvido?", questionou.
Com o agravamento do conflito fundiário em Santa Cruz, a justiça boliviana decidiu abrir uma investigação para apurar a ação de grupos armados contra proprietários de terras na região.
O porta-voz da presidência, Jorge Richter, afirmou que o governo não tolera a existência de grupos armados, "porque é isso que dita a Constituição quando afirma que apenas as forças armadas e a polícia têm o direito de portar e usar armas no país".
Minutos depois da declaração, surgiu outra ameaça de um grupo armado que se instalou em San Carlos, também em Santa Cruz: "Se chegarem aqui, suportem as consequências", dizia a mensagem emitida por outros membros das organizações. O caso está sob análise da Procuradoria Nacional.
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