Alexa
Tempestade causou pelo menos quatro mortes na região
Os alarmes que advertem para a precária situação dos refugiados sírios durante esse inverno dispararam nesta semana com a chegada da tempestade Alexa, um temporal de vento, neve e chuva, que castigou vários países do Oriente Médio, entre eles o Líbano, que abriga 838 mil sírios.
Pelo menos dois menores de idade morreram em consequência das baixas temperaturas na cidade libanesa de Arsal, na fronteira com a Síria, e outros dois dentro do território sírio no povoado de Al Rastan e em Aleppo. Nos últimos dias, a Acnur e outras organizações internacionais pediram que sejam redobrados os esforços para amenizar uma situação que qualificaram como "dramática e lamentável".
Mona Abdelkarim, uma síria de 42 anos da província de Hama, conta que sua família de oito filhos pode comer algo graças à solidariedade de seus vizinhos libaneses. "Com a comida vamos nos virando, o que não temos é combustível para a calefação", desabafou Abdelkarim, cujo marido era pintor na Síria e agora procura trabalho no Líbano, ainda sem sucesso.
Cobertores
À saída do restaurante Yeldezlare há um caminhão carregado com cobertores que os deslocados levam às dezenas, já que a maioria deles tem prole numerosa. Do lado de fora vários táxis coletivos esperam para levar os refugiados aos campos ilegais, fábricas abandonadas e casas compartilhadas por famílias, já que no Líbano as autoridades não estabeleceram acampamentos oficiais.
Um dos veículos começa a circular e para a cerca de dez quilômetros do restaurante para que um casal desça. Imediatamente eles desaparecem em meio às pessoas e aos barracos, onde pelo menos nesta noite terão uma manta para cobri-los.
Efe
Um simples cobertor é o objeto mais cobiçado entre os milhares de refugiados sírios que, como Kafa Abderrahman, se deslocaram para o Líbano fugindo da guerra em seu país. Com a chegada do inverno, as organizações humanitárias se esforçam para aliviar os rigores do frio, que agravam uma situação já qualificada como "dramática".
Abderrahman espera na longa fila de pessoas fora do restaurante Yeldezlare, em Kueshra, na província libanesa de Akkar, para receber algo da ajuda que a Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) está distribuindo.
Essa mulher, mãe de família, chegou há cinco meses ao Líbano, com seu marido e seus seis filhos: "Meu marido está doente e não temos roupa de frio, precisamos nos aquecer", lamentou Abderrahman, que protege a boca do frio com o véu que leva na cabeça.
As pessoas na fila contam que nevou na véspera ali, próximo à fronteira com a Síria, onde durante a noite as temperaturas ficam abaixo de zero. Ao longe se vislumbram os picos cobertos de neve nas montanhas, enquanto o céu coberto ameaça descarregar pesadas chuvas em breve.
Ajuda
Muitos vão vestidos com uma simples túnica e usam chinelos de plástico com meias. Algumas mulheres vão acompanhadas de seus filhos pequenos na busca de ajuda para aliviar os rigores do frio. No interior do restaurante, voluntários dividem cartões de crédito para comprar estufas e combustível, e explicam aos refugiados como usá-los.
Para confirmar que receberam os cartões, os refugiados marcam a digital em um papel, e se apressam em buscar o cupom com o qual têm direito a levar cobertores. "Sentimos muito frio", reclama Wafaa, filha de Adel Ata, um professor de Geografia nascido na província central de Homs, na fronteira com o Líbano.
Eles são uma família de 13 pessoas, sete crianças, e se queixam que não têm como se aquecer nas baixas temperaturas. "Não temos nem um cobertor ou algo para afugentar o frio", revela Ata. Há quatro meses no Líbano, ainda foi impossível para esse homem encontrar trabalho de qualquer tipo. Segundo a Acnur, o Líbano é o país que hospeda o maior número de refugiados sírios na região mais de 838 mil.
Ajuda
A ONU iniciou na semana passada o envio de ajuda humanitária à região de Al Hasakah, uma das mais frias da Síria e onde vivem cerca de 188 mil pessoas. Entre 50 mil e 60 mil estão em situação "particularmente vulnerável".
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