Engenheiros iranianos e russos iniciaram neste sábado o abastecimento de combustível da primeira usina nuclear do Irã. Os russos prometeram garantir a não utilização de material radioativo desta usina para a produção de armas. Depois de anos de atraso, o abastecimento da usina de Bushehr no sul do Irã marca o início da produção de energia nuclear que os Estados Unidos quiseram impedir.
O primeiro carregamento de combustível foi retirado de um armazém para abastecer uma "piscina" dentro do reator sob a observação de monitores da Agência Internacional de Energia Atômica da Organização das Nações Unidas. Nas duas próximas semanas, cerca de 163 outros carregamentos de combustíveis que somam 80 toneladas de urânio serão colocados dentro do prédio da usina e depois dentro do reator.
Depois, mais dois meses serão necessários para que o reator produza 1 mil megawatt que levará eletricidade às cidades iranianas. Salehi agradeceu ao governo russo pela ajuda e cooperação em uma coletiva de imprensa concedida dentro das instalações da usina em conjunto com o chefe da empresa nuclear estatal russa, Sergei Kiriyenko. Segundo ele, a Rússia sempre foi comprometida com o projeto.
Não houve grandes objeções à usina de Bushehr particularmente. A maior preocupação norte-americana é com outras usinas onde o Irã está acelerando o enriquecimento de urânio, um processo que produz combustível para usinas, mas também pode ser utilizado na produção de armas nucleares.
Mesmo quando as autoridades nucleares do Irã afirmam que a usina tem apenas objetivos pacíficos, o responsável pela produção nuclear do país, Ali Akbar Salehi celebrou a inauguração como um "símbolo da resistência e paciência iraniana" diante da pressão ocidental. "Apesar de todas as pressões, sanções impostas pelos países ocidentais, nós estamos testemunhando agora o início do maior símbolo das atividades nucleares pacíficas do Irã", disse ele dentro da usina.
Washington e outros países não se opõem ao objetivo exposto do Irã de produzir energia nuclear, mas estão preocupados que se o Irã dominar o ciclo de enriquecimento de urânio, ele possa começar a produzir armas nucleares coberto de forma conveniente por um programa pacífico de energia. O Irã nega tal intenção.
Foi o trabalho de enriquecimento de urânio que levou o Conselho de Segurança da ONU a realizar quatro rodadas para discutir sanções ao Irã. A Rússia, que ajudou o Irã a terminar Bushehr, garantiu que irá evitar que o combustível produzido na nova usina seja desviado para possíveis programas nucleares.
Depois de anos de atraso, Moscou disse que acredita que o projeto Bushehr é essencial para levar o Irã a cooperar com os esforços internacionais para garantir que o país não desenvolva uma bomba. Os Estados Unidos, que não estão mais formalmente contrários à usina de Bushehr, discorda do discurso russo e afirma que o Irã não será recompensado enquanto ele continuar a desafiar o pedido da ONU para paralisar seu enriquecimento de urânio.
Os críticos do Irã consideram que o término da usina é um desafio contra as sanções do Conselho de Segurança da ONU que procuram deter os demais avanços nucleares iranianos. O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reiterou que Teerã está pronta para voltar a negociar com as seis maiores potenciais que tentam refrear o enriquecimento de urânio do país. Ele afirmou, contudo, que irá rejeitar os pedidos de paralisar o processo.