Sob painel com fotos de vítimas de atentado terrorista, membros da Guarda Revolucionária do Irã conduzem caixão com corpo de colega morto no ataque | Morteza Nikoubazl/Reuters
Sob painel com fotos de vítimas de atentado terrorista, membros da Guarda Revolucionária do Irã conduzem caixão com corpo de colega morto no ataque| Foto: Morteza Nikoubazl/Reuters

Terrorismo

Autor de ataque era viciado em drogas

AFP

Teerã - O homem-bomba que, no domingo, matou comandantes do corpo de elite da Guarda Revolucionária iraniana era um dependente químico que foi abandonado pela família, segunda a agência estatal do Irã Fars. Abdolvahed Mohammadi Saravani era viciado em metanfetamina, uma droga sintética que provoca euforia, segundo a agência de notícias, que não indicou a fonte das informações.

O autor do atentado teria sido abandonado por sua família, o que o transformou numa "presa fácil para o grupo terrorista que o recrutou. O grupo extremista sunita iraniana Jundallah, que reivindicou o atentado que causou 42 mortos no sudeste do país, também identificou o camicase como Abdolvahed Mohammadi Saravani.

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O acordo

Veja os principais pontos definidos na reunião entre representantes do Irã, EUA, Rússia, e França.

- Monitorado pela AIEA, Irã repassa à Rússia cerca de 1.200 kg de seu urânio pouco enriquecido até o fim do ano.

- Rússia enriquece mais o material e, também monitorada pela AIEA, o remete à França, que tem tecnologia para adequar o urânio às necessidades do reator iraniano.

- Irã recebe o material enriquecido a 19,75%, para uso em seu reator experimental.

- O contrato com os iranianos fica sob tutela russa, que subcontrata os franceses. Pelo acordo, não há vínculo direto entre Teerã e Paris.

Fonte: Folhapress

Viena - O diretor-geral da Agência In­­­ter­­nacional de Energia Atômica (AIEA), o egípcio Mohamed ElBa­­radei, anunciou ontem ter chegado ao esboço de um acordo entre Irã e EUA, Rússia e França, segundo o qual Teerã abre mão de enriquecer urânio no país – o que, em te­­se, diminuiria os riscos de o país islâmico usar seu programa nu­­clear para produzir armas atômicas.

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Embora a delegação iraniana tenha concordado com os termos da proposta, sua entrada em vi­­gor depende ainda da aprovação final por Washington, Paris, Mos­­­­cou e Teerã, o que deve ocorrer até amanhã.

O principal representante iraniano, Ali Ashgar Soltanieh, é considerado um técnico, sem condições de firmar compromissos políticos de alto nível. O diálogo é visto como a primeira tentativa séria de engajamento diplomático entre americanos e iranianos nos últimos 30 anos.

O acordo preliminar, fechado após três dias de negociações em Viena, prevê o envio de 75% das reservas de urânio de baixo enriquecimento do Irã para a Rússia (quase 1.200 quilos), no período de um ano, para que seja enriquecido e convertido em combustível para um reator usado para finalidades médicas em Teerã. Tecnica­­mente, a conversão do material radioativo na Rússia dificultaria seu uso militar.

A iniciativa conjunta tenta di­­minuir os temores de que o Irã de­­senvolva secretamente armas atô­­micas, apesar de o presidente iraniano Mohamed Ahmadinejad sempre ter afirmado que seu programa serve apenas para fins pa­­cíficos.

A preocupação norte-americana cresceu depois da revelação de uma usina atômica secreta na ci­­dade iraniana de Qom, no mês passado. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos calculam que, no ritmo atual, Teerã poderia desenvolver armas atômicas dentro de até seis anos.

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O tempo será crucial para que os EUA deem garantias suficientes a Israel de que a ameaça nuclear iraniana ficaria sob controle com o acordo.

Especialistas, porém, dizem que uma questão fundamental para o sucesso do acordo é a forma de envio do material nuclear iraniano ao exterior, o que não foi discutido em Viena.

Caso o Irã envie a quantidade prevista para a Rússia num carregamento único, Teerã ficaria sem a quantidade necessária para produzir uma arma atômica por apro­­ximadamente um ano. Mas, se o envio for feito em etapas, os iranianos poderiam repor a quantidade exportada no mesmo ritmo, possibilitando a produção de ar­­mas atômicas enquanto os termos do acordo são cumpridos.

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O Irã tem direito a enriquecer urânio com fins pacíficos?

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