O Irã informou à agência nuclear da ONU que está construindo uma segunda usina de enriquecimento de urânio, o que deve agravar os temores ocidentais de que o país deseje desenvolver uma bomba nuclear.

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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) disse nesta sexta-feira que o Irã revelara na segunda-feira a existência da usina ao seu diretor-geral, Mohamed El Baradei, num momento em que seis potências mundiais se preparam para discutir a questão nuclear com o Irã, numa reunião marcada para 1o de outubro.

A AIEA disse que o Irã enviou carta a El Baradei informando que a usina enriquecerá urânio apenas até o grau necessário para gerar eletricidade. Num grau de enriquecimento superior, o urânio pode servir para a produção de armas, mas Teerã alega que seu programa nuclear se destina apenas a fins pacíficos.

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A agência disse ter solicitado informações específicas e uma inspeção imediata da usina para assegurar seus propósitos pacíficos.

Até agora, sabia-se que o Irã enriquecia urânio num vasto saguão subterrâneo da usina de Natanz, onde há quase 9.000 centrífugas instaladas, hoje sob rígida inspeção da AIEA. Até 2002, o Irã mantinha essa atividade em segredo.

Não se sabe desde quando a segunda usina está sendo planejada ou construída. A AIEA disse que aparentemente ela ainda não recebeu material para enriquecimento.

Obama

Em Washington, o governo norte-americano disse que o presidente Barack Obama está ciente da novidade e fará um anúncio sobre o Irã nesta sexta-feira durante a cúpula do G20 (grupo de países desenvolvidos e emergentes) em Pittsburgh.

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Uma fonte oficial dos EUA também confirmou uma reportagem do jornal The New York Times segundo a qual há anos os EUA monitoram o projeto secreto, e que Obama teria decidido levar o caso a público depois de o Irã saber, nas últimas semanas, que agências ocidentais de inteligência haviam furado o véu de sigilo da instalação.

O NYT disse que Obama, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, pretendem fazer um apelo ao Irã para que permita inspeções imediatas da AIEA na nova usina.

"Esta segunda instalação de enriquecimento poderia ser muito significativa, já que poderia se provar essencial na abordagem da capacidade de armas nucleares para o Irã", disse um diplomata europeu, enfatizando ainda não conhecer detalhes do projeto.

"É bom que o Irã esteja esclarecendo isso," afirmou, "mas isso pode se provar desastroso para a não-proliferação."