Teerã - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, acusou a ONU ontem de cumplicidade no assassinato de um cientista nuclear, dias antes de conversas cujo objetivo é desfazer um impasse nuclear. O cientista Majid Shahriyari, morto em uma explosão em seu carro, foi sepultado em um funeral que teve a presença do negociador nuclear iraniano Saeed Jalili, que se reunirá com a chefe de Relações Exteriores da União Europeia nos dias 6 e 7 de dezembro.
Ninguém reivindicou a explosão nem outro ataque semelhante ocorrido no mesmo dia. Teerã atribuiu os ataques a países que buscam interromper o programa nuclear iraniano, que temem que tenha por finalidade produzir uma bomba. "Cometer atos terroristas mostra bem que você não têm a intenção de negociar, mas que quer demonstrar hostilidade em relação à nação iraniana," disse Ahmadinejad, segundo a agência de notícias semi-oficial ILNA.
"Nesse tipo de ato terrorista, as Nações Unidas sem dúvida estão de conluio com os sionistas." Um carro-bomba separado que explodiu na segunda-feira aproximadamente na mesma hora que aquele que matou Shahriyari feriu outro cientista nuclear, Fereydoun Abbasi-Davani, que é pessoalmente sujeito às sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) devido ao que autoridades ocidentais afirmam ser seu envolvimento em pesquisas suspeitas sobre armas nucleares.
Outros ataques
O Irã afirma que seu programa nuclear é puramente pacífico. "Consideramos responsáveis aqueles que lançaram uma resolução contra nós, porque na resolução mencionaram os nomes de cientistas, e isso é como apontar as vítimas aos assassinos sionistas," disse Ahmadinejad.
Outro cientista nuclear, Massoud Ali-Mohammadi, foi morto em Teerã em janeiro por uma bomba acionada por controle remoto, e as instalações nucleares iranianas foram atingidas por um vírus de computador. Os Estados Unidos e Israel dizem que, se a diplomacia fracassar, não excluem a possibilidade de um ataque militar preventivo contra o Irã para impedir o país de ter acesso a armas nucleares.
Falando com jornalistas no funeral, o negociador nuclear Jalili disse: "É um grande escândalo para o Conselho de Segurança da ONU que terroristas implementem suas sanções."