A Guarda Revolucionária do Irã ameaçou prender e torturar familiares de jogadores da seleção do país caso estes não se “comportassem” durante a Copa do Mundo do Catar.
Uma fonte envolvida na segurança do Mundial revelou à CNN que os atletas foram convocados para uma reunião com membros da Guarda (considerada uma organização terrorista pelos Estados Unidos) depois que se recusaram a cantar o hino nacional do país na sua estreia no torneio, contra a Inglaterra, na última segunda-feira (21).
As ameaças teriam sido feitas nesse encontro – represálias contra as famílias aconteceriam caso os jogadores se recusassem a entoar o hino nas partidas seguintes ou se fizessem qualquer ato político contra o governo iraniano.
A recusa em cantar o hino antes do confronto com os ingleses foi entendida como um apoio à onda de manifestações que ocorre no Irã desde a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos da cidade curda de Saqez que morreu em 16 de setembro em Teerã após ser presa e agredida por policiais por “uso inadequado” do hijab, o véu islâmico.
Antes da segunda partida da seleção iraniana no Mundial do Catar, contra o País de Gales, na última sexta-feira (25), os atletas cantaram o hino nacional.
A fonte ouvida pela CNN acrescentou que dezenas de oficiais da Guarda Revolucionária estão no Catar monitorando os jogadores iranianos, que não podem socializar com atletas de outras seleções nem com outros estrangeiros.
O técnico da seleção iraniana, o português Carlos Queiroz, teria se reunido separadamente com oficiais da Guarda após as ameaças aos jogadores, mas a fonte não soube informar o conteúdo da conversa.
“No último jogo, contra o País de Gales, o regime enviou centenas de atores se passando por torcedores para criar uma falsa sensação de apoio. Para o próximo jogo, contra os Estados Unidos [nesta terça-feira, 29], o regime planeja aumentar o número desses atores para milhares”, disse a fonte.
Na semana passada, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas decidiu criar uma missão para investigar a repressão do governo do Irã aos protestos iniciados há dois meses.
Segundo a ONG Iran Human Rights, sediada na Noruega, mais de 400 pessoas já foram mortas pelas forças de segurança iranianas nessas manifestações. O regime também abriu processos contra manifestantes, e pelo menos seis já foram condenados à morte.
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