O Irã delineou ontem a sua versão da estratégia da "via dupla pregada pelo Ocidente nas conversas nucleares ao anunciar a construção de quatro novos reatores de uso médico, mas defendeu solução negociada do impasse.
Segundo o chefe da agência atômica iraniana, Ali Akbar Salehi, "há planos para que ao menos um dos novos reatores seja maior do que o que opera hoje em Teerã.
A usina nuclear com finalidade médica da capital iraniana está no centro do acordo de troca de combustível inicialmente proposto pelo Ocidente e, há um mês, ressuscitado após mediação de Brasil e Turquia até ser rejeitado pelos EUA e aliados.
Pelo texto, o Irã enviaria 1.200 kg de seu urânio pouco enriquecido à Turquia e receberia de volta 120 kg do material processado em nível próprio para o uso no reator de Teerã datado dos anos 70.
"O desenho do reator estará completo até o fim do ano, e dois anos serão necessários para construí-lo. O nosso plano é fazer quatro reatores em quatro cantos do Irã, disse.
Negociações
Também ontem o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse, em pronunciamento transmitido ao vivo na tevê estatal, que "logo anunciará as novas condições para reatar negociações com as potências, mas somente depois de "punir o Ocidente.
"Vocês [potências] mostraram mau-caratismo, renegaram sua promessa e novamente recorreram a meios malignos, disse o iraniano, em referência à aprovação das novas sanções no Conselho de Segurança da ONU.
"Estabeleceremos condições para que, se Deus quiser, sejam punidas e sentem à mesa de negociação como uma criança comportada.
Ahmadinejad alertou, porém, que o "destino nuclear não estará em negociação. "Se elas (potências) acham que poderão usar bastões para pressionar o Irã, dizemos a vocês que a nação iraniana vai quebrar os seus bastões, disse.
A estratégia de anúncios unilaterais e declarações simultâneas de disposição ao diálogo é similar à defendida pelos EUA e União Europeia, que, após sanções na ONU, preparam mais medidas unilaterais, mas garantem não fechar as portas a acordo.
Ahmadinejad também atacou os EUA dizendo que o Irã precisa salvar os norte-americanos de "seu governo antidemocrático e valentão. Ele afirmou que não existe liberdade no país e os jornais dos EUA não eram autorizados a escrever sobre os crimes dos "sionistas.
Também explicou que as pessoas não podem fazer manifestações contra "os crimes cometidos por seu governo.