O presidente Ahmadinejad durante visita a Shahrekord, sudeste de Teerã: ameaça de retaliação às potências nucleares| Foto: AFP

Pressão

Estados Unidos aplicarão mais sanções

Folhapress

Os Estados Unidos anunciaram ontem a ampliação de medidas punitivas contra companhias e pessoas vinculadas ao programa nuclear do Irã ou que o ajudam a evadir as sanções internacionais.

O governo americano impôs sanções ao Post Bank, um banco estatal que o regime iraniano supostamente usa para realizar secretamente transações que antes fazia pelo Bank Sepah, que faz parte da "lista negra" das Nações Unidas.

Além disso, o governo norte-americano confirmou sanções contra quatro empresas e mais de 90 navios usados pela companhia nacional de transporte marítimo do Irã, a IRISL, para evitar as punições às quais está submetida desde 2008.

A Casa Branca aplicou ainda medidas punitivas contra 22 companhias de petróleo, energia e seguros, com sede dentro e fora do Irã, particulares ou controladas pelo governo iraniano.

UE

Os membros da União Europeia devem ampliar hoje a pressão sobre o Irã, ao aprovarem novas sanções unilaterais mais rigorosas que as obtidas no Conselho de Segurança.

O documento, ainda em negociação, atinge o setor energético, excluído das sanções da ONU por pressões da Rússia e da China. Pelo texto, seriam proibidos investimento, assistência técnica ou transferência de tecnologia, equipamento ou serviço, particularmente de refino e de liquefação de petróleo.

Também haverá mais limitações ao comércio em setores de possível duplo uso civil-militar, mais restrições no setor de transportes e medidas mais restritas em questões de transportes, congelamento de bens e restrições de vistos. Deve haver novas restrições à atividade em território europeu de bancos iranianos.

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O Irã delineou ontem a sua versão da estratégia da "via dupla’’ pregada pelo Ocidente nas conversas nucleares ao anunciar a construção de quatro novos reatores de uso médico, mas defendeu solução negociada do impasse.

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Segundo o chefe da agência atômica iraniana, Ali Akbar Sale­­hi, "há planos’’ para que ao menos um dos novos reatores seja maior do que o que opera hoje em Teerã.

A usina nuclear com finalidade médica da capital iraniana está no centro do acordo de troca de combustível inicialmente proposto pelo Ocidente e, há um mês, ressuscitado após mediação de Brasil e Turquia – até ser rejeitado pelos EUA e aliados.

Pelo texto, o Irã enviaria 1.200 kg de seu urânio pouco enriquecido à Turquia e receberia de volta 120 kg do material processado em nível próprio para o uso no reator de Teer㠖 datado dos anos 70.

"O desenho do reator estará completo até o fim do ano, e dois anos serão necessários para construí-lo. O nosso plano é fazer quatro reatores em quatro cantos do Ir㒒, disse.

Negociações

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Também ontem o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse, em pronunciamento transmitido ao vivo na tevê estatal, que "logo’’ anunciará as novas condições para reatar negociações com as potências, mas somente depois de "punir’’ o Ocidente.

"Vocês [potências] mostraram mau-caratismo, renegaram sua promessa e novamente recorreram a meios malignos’’, disse o iraniano, em referência à aprovação das novas sanções no Conse­­lho de Segurança da ONU.

"Estabeleceremos condições para que, se Deus quiser, sejam punidas e sentem à mesa de negociação como uma criança comportada.’’

Ahmadinejad alertou, porém, que o "destino nuclear’’ não estará em negociação. "Se elas (potências) acham que poderão usar bas­­tões para pressionar o Irã, dizemos a vocês que a na­­­­ção iraniana vai quebrar os seus bastões’’, disse.

A estratégia de anúncios unilaterais e declarações simultâneas de disposição ao diálogo é similar à defendida pelos EUA e União Europeia, que, após sanções na ONU, preparam mais medidas unilaterais, mas garantem não fechar as portas a acordo.

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Ahmadinejad também atacou os EUA dizendo que o Irã precisa salvar os norte-americanos de "seu governo antidemocrático e valentão’’. Ele afirmou que não existe liberdade no país e os jornais dos EUA não eram autorizados a escrever sobre os crimes dos "sionistas’’.

Também explicou que as pessoas não podem fazer manifestações contra "os crimes’’ cometidos por seu governo.