O presidente do Irã, Hassan Rohani, disse nesta terça-feira (14) que todos os responsáveis pela catástrofe com o avião ucraniano da Boeing, abatido na semana passada por um míssil iraniano, devem ser punidos.
"Para o nosso povo, é muito importante que qualquer pessoa que tenha cometido uma falta ou tenha sido negligente nesse assunto seja levada à Justiça", disse Rohani em um discurso transmitido pela televisão. "Todos os que devem ser punidos serão", insistiu. Os 176 passageiros e tripulantes do avião morreram.
Depois da fala do presidente, a Justiça iraniana anunciou várias prisões. "Investigações extensivas foram conduzidas e algumas pessoas estão presas", disse o porta-voz judicial Gholamhossein Esmaili em declarações citadas pela mídia iraniana. O porta-voz não esclareceu quantas pessoas foram presas.
O Irã, que rejeitou acusações de que um míssil havia derrubado o avião, admitiu três dias mais tarde que a Guarda Revolucionária havia derrubado a aeronave ucraniana por engano.
"O judiciário deve formar um tribunal especial com um juiz de alto escalão e dezenas de especialistas", disse o presidente Hassan Rohani em uma mensagem transmitida pela TV na terça-feira. "Este não é um caso comum. Todo mundo vai olhar para este tribunal."
Rohani descreveu o evento como um erro "doloroso e imperdoável" e prometeu que seu governo investigaria o caso por todos os meios. "A responsabilidade recai sobre mais de uma pessoa", disse Rohani. "Os culpados devem ser punidos. Quero que esse assunto seja expresso com franqueza", afirmou. Rohani também disse que admitir que as forças iranianas derrubaram o avião foi o "primeiro bom passo".
A aeronave, que voava para Kiev, capital da Ucrânia, transportava 167 passageiros e nove tripulantes de vários países incluindo 82 iranianos, 57 canadenses - sendo muitos iranianos com dupla cidadania - e 11 ucranianos, segundo as autoridades. Havia várias crianças entre os passageiros, incluindo um bebê.
O Irã abateu o avião enquanto se preparava para uma possível resposta dos EUA ao lançamento de mísseis balísticos em duas bases iraquianas onde as tropas dos EUA estavam alocadas. O ataque com mísseis, que não causou baixas nos EUA, foi uma retaliação pela morte em Bagdá do general Qassim Suleimani, o principal general do Irã, por meio de um ataque aéreo americano.
O episódio e a falta de transparência sobre o que aconteceu reviveram o descontentamento no Irã contra os governantes do país e nos últimos dias houve protestos nas ruas. Os vídeos transmitidos na Internet pareciam mostrar as forças de segurança usando munição real e gás lacrimogêneo para dispersar os protestos.