
Teerã - O Irã vai produzir urânio enriquecido a 20% em sua nova instalação de Fordo, perto da cidade sagrada de Qom, 150 km ao sul de Teerã, e multiplicar por três sua capacidade de produção, anunciou ontem o diretor do programa nuclear iraniano, Fereydun Abasi Davani.
"Nós vamos transferir o enriquecimento a 20% de Natanz para a central de Fordo este ano, sob a supervisão da Agência [Internacional de Energia Atômica]", declarou Davani, segundo o site da televisão estatal.
"Nós também vamos triplicar a capacidade de produção. O enriquecimento a 20% não será interrompido em Natanz até que o nível de produção seja três vezes maior que o atual", completou.
O Ocidente afirma que Teerã mantém um programa nuclear com fins militares. O país nega e alega produzir apenas energia para uso civil.
Pouco depois deste anúncio, a França o qualificou de "provocação" que "reforça as preocupações da comunidade internacional frente à intransigência do regime iraniano". O porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, Bernard Valero, disse que "o Irã deve por um fim imediatamente a estas violações constantes das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da AIEA".
Em fevereiro passado, o Irã havia anunciado à AIEA que o enriquecimento de urânio em Fordu se iniciaria "no verão" de 2011 no hemisfério norte. A revelação em 2009 da existência do sítio de Fordo havia levado à adoção de novas sanções contra o Irã no verão boreal de 2010.
O enriquecimento de urânio é a causa de um contencioso que o Irã mantém há anos com parte da comunidade internacional, especialmente as potências ocidentais, que suspeitam que Teerã procura produzir combustível nuclear para em seguida fabricar bombas.
Apesar da pressão e das sanções internacionais, Teerã segue adiante com seus projetos.
"Continuamos com nossas atividades legalmente. Cooperamos com a AIEA. O tema nuclear é um pretexto. Os EUA e seus aliados se opõem à nossa independência", declarou ontem o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad.
O urânio enriquecido a 20% pode ser usado em instalações civis, mas se o enriquecer superar esse porcentual pode ser usado com fins militares.
O Irã já tem um reator de pesquisas médicas de cinco megawatts construído pelos Estados Unidos em Teerã antes da Revolução Islâmica de 1979.