O vazamento de quase 400 mil documentos sobre a Guerra do Iraque ocorre no momento em que cai a influência dos Estados Unidos sobre a política iraquiana e aumenta o domínio do Irã sobre Bagdá. Uma das milícias que, segundo os papéis divulgados pelo site WikiLeaks na sexta-feira, foi treinada pelo regime de Teerã deve integrar a coalizão proposta pelo premiê iraquiano, Nouri al-Maliki.
Opositores ao atual primeiro-ministro disseram ontem, no Iraque, que as acusações de tortura contra as forças iraquianas colocam em cheque a permanência de Maliki no poder, acentuando ainda mais a instabilidade política que vive o país desde as eleições de março. O novo governo não foi oficializado e o premiê segue interinamente no poder.
"A política iraquiana tem se distanciado da influência dos EUA", disse ao Estado o ex-diretor de Inteligência para o Oriente Médio Wayne White. Segundo o especialista, atualmente no Instituto de Oriente Médio em Washington, "é bem provável que a nova coalizão de governo de Maliki seja consideravelmente mais próxima do Irã do que dos Estados Unidos".
De acordo com os documentos divulgados pelo WikiLeaks, as forças militares do Irã treinaram combatentes xiitas mais do que era imaginado, fornecendo também armas e mesmo concedendo abrigo a milícias que lutavam contra as tropas americanas. Um dos principais líderes destes grupos ligados a Teerã é o clérigo radical xiita Moktada al-Sadr que, apesar da oposição dos EUA, foi convidado pelo primeiro-ministro para participar do novo governo, em um sinal de fortalecimento dos aliados iranianos no Iraque.
Maliki acusou ontem o grupo WikiLeaks de detalhar abusos contra detentos para sabotar seu projeto de continuar no cargo. Em nota afirmou que a divulgação desperta suspeitas de motivos eleitoreiros e que nenhum documento prova tratamento impróprio de prisioneiros durante o seu mandato. Maliki tomou posse em 2006. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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