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Irã começa a julgar 100 moderados por protestos após eleição

Começaram neste sábado os julgamentos de 100 proeminentes moderados detidos depois da contestada eleição presidencial iraniana de junho. Eles são acusados de tentar derrubar o regime clerical, informou a mídia iraniana.

Esta é a primeira vez desde a Revolução Islâmica, de 1979, que dezenas de autoridades do alto escalão, incluindo ex-ministros, ex-vice-presidentes e ex-deputados, são levados a julgamento.

A agência estatal de notícias Irna informou que as acusações contra os réus também incluem atuar contra a segurança nacional ao planejarem a agitação, participar da "Revolução de Veludo", atacar edifícios estatais e militares e conspirar contra o sistema de governo.

"O julgamento de alguns dos acusados de envolvimento na agitação pós-eleitoral começou esta manhã", informou a Irna, "Cerca de 100 pessoas foram levadas à julgamento na Corte Revolucionária de Teerã."

O termo Revolução de Veludo foi usado para descrever a revolução não-violenta na Tchecoslováquia, em 1989, que derrubou o regime comunista.

De acordo com a lei islâmica do Irã, agir contra a segurança nacional, acusação normalmente feita a dissidentes no Irã, pode ser punida com a pena de morte.

A eleição de 12 de junho mergulhou o Irã em sua maior crise interna desde a Revolução Islâmica e expôs as profundas divisões entre a elite dominante.

Grupos de defesa dos direitos humanos dizem que centenas de pessoas, incluindo destacados políticos reformistas, jornalistas e advogados, foram detidos desde a eleição.

A TV estatal mostrou imagens do tribunal, onde estavam muitos réus jovens, alguns algemados, e o ex-vice-presidente Mohammad Ali Abtahi, o ex-chanceler adjunto Mohsen Aminzadeh e o ex-deputado Mohsen Mirdamadi com uniforme de prisioneiros.

Também vão a julgamento destacados líderes de partidos moderados iranianos que apoiaram o candidato presidencial derrotado Mirhossein Mousavi.

No texto do indiciamento consta: "Estes partidos planejaram, organizaram e lideraram as reuniões ilegais e os distúrbios", informou a Irna.

"A Frente da Participação teve contatos com um espião britânico", diz a agência, referindo-se à Frente de Participação do Irã Islâmico, o principal partido pró-reforma.

O Irã acusa países ocidentais, em especial a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, de apoiarem "agitadores". O Ocidente nega.

A oposição diz que a votação foi fraudada para favorecer a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. As autoridades negam a acusação e o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, endossou a reeleição de Ahmadinejad.

A agência semioficial de notícias Fars, de tendência ultraconservadora, informou que pelo menos quatro proeminentes reformistas agora dizem que a votação não foi fraudada: os ex-vice-presidentes Mohammad Ali Abtahi e Mohsen Safai-Farahani, o ex-ministro das Indústrias Behzad Nabavi, a jornalista canadense-iraniana Maziar Bahari e o ex- chanceler adjunto Mostafa Tajzadeh.

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