O Irã concordou em conceder à agência de monitoramento nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) mais poder de inspeção e o direito de avaliar um local onde o país enriquece urânio em níveis mais elevados, informaram ontem, em condição de anonimato, diplomatas iranianos.
A medida indiretamente confirmada por um alto enviado iraniano é tomada enquanto Teerã organiza uma ofensiva com o objetivo de impedir novas sanções da ONU por causa de seu desafio às exigências do Conselho de Segurança para frear suas atividades nucleares, que podem resultar na fabricação de armas.
O Irã começou a enriquecer urânio perto de 20% dois meses atrás e disse que vai transformá-lo em barras de combustível nuclear para reatores de pesquisa para a fabricação de isótopos médicos usados no tratamento de pacientes com câncer.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem pressionado, em vão, para ter maior acesso às operações de enriquecimento desde o início do projeto.
Os diplomatas disseram que cerca de dez dias atrás o Irã concordou em princípio com algumas mas não todas as supervisões solicitadas pela AIEA.
"Eles não concordaram com todas as medidas solicitadas pela agência, mas com ações suficientes para deixar a agência feliz" depois das duras críticas recebidas nos últimos dois meses, disse um dos três diplomatas à Associated Press.
Ali Asghar Soltanieh, o enviado chefe do Irã à AIEA, indiretamente confirmou o acordo dizendo que os dois lados tiveram "conversações construtivas" sobre a questão.
A decisão iraniana foi tomada pouco antes da visita que o ministro de Relações Exteriores do Irã fará à Áustria no fim de semana, a primeira parada de uma campanha internacional com o objetivo de enfraquecer as pressões norte-americanas para novas sanções contra o país. Manouchehr Mottaki vai se reunir com seu colega austríaco Michael Spindelegger no domingo.
Bravata
Ainda ontem, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, acusou os países ocidentais de tentar apropriar-se e controlar os recursos do mundo, dizendo que agem de forma "arrogante" e "opressora". Ele deu as declarações durante visita ao Zimbábue. "O Irã e o Zimbábue decidiram permanecer firmes contra a arrogância, e não permitir que a injustiça, as violações da soberania e o empobrecimento continuem", disse.