Teerã - O procurador-geral do Irã, Gholam Hussein Mohseni Ejei, reafirmou ontem durante coletiva semanal que Sakineh Ashtiani foi condenada à morte por enforcamento pelo crime de cumplicidade na morte do marido. A sentença por adultério, no entanto, continua sem veredicto.
Em declarações divulgadas pela agência de notícias local Mehr, Mohseni Ejei explicou que, "de acordo com a decisão do tribunal, Sakineh foi acusada de assassinato e condenada por este delito".
A decisão do tribunal não altera o caráter da outra sentença de morte por apedrejamento devido ao crime de adultério, que continua suspensa e aguarda veredicto. "A questão não deve ser politizada. O Poder Judiciário não pode se deixar influenciar pela campanha empreendida no Ocidente", acrescentou.
Hipocrisia
Na semana passada o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, acusou os Estados Unidos de hipocrisia por terem criticado a pena de morte de uma iraniana, enquanto uma americana foi executada nos EUA na última quinta-feira.
Nos Estados Unidos, Teresa Lewis, de 41 anos, foi considerada culpada de orquestrar os assassinatos de seu marido e enteado. Ela foi executada na noite de quinta-feira com uma injeção letal no Estado da Virgínia. Foi a primeira execução de mulher nos EUA em cinco anos.
Protestos
Meses atrás, o advogado de Sakineh, Mohamad Mostafei, afirmou que Sakineh, de 43 anos, tinha sido condenada por adultério e que seria executada por apedrejamento. A pena despertou uma onda de protestos internacionais contra o Irã, o que obrigou o regime a suspender a sentença para que fosse reavaliada.
Há alguns dias uma mulher, que a televisão estatal identificou como Sakineh, confessou ter mantido uma relação fora do casamento e ter participado da morte do marido. A suposta condenada também criticou a campanha feita por seu advogado. Na semana passada, ele foi acusado pelo regime iraniano de ter se aproveitado do interesse mundial pelo caso para pedir asilo político na Noruega, onde está sua família.