• Carregando...
Zelensky com drone abatido
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, posa ao lado de drone abatido que teria origem iraniana, no final de outubro de 2022.| Foto: Reprodução / Site do Presidente da Ucrânia / president.gov.ua

Suspeitas foram levantadas durante o conflito na Ucrânia de que drones utilizados pela Rússia para atacar as cidades do país invadido teriam como origem o Irã. Neste sábado (5) o governo do Irã confirmou que enviou essas aeronaves não tripuladas para a Rússia antes da invasão, revertendo sua postura anterior de negação.

A revelação partiu do ministro das relações exteriores iraniano Hossein Amirabdollahian, que disse a jornalistas em Teerã que “Alguns países ocidentais acusaram o Irã de ajudar na guerra na Ucrânia fornecendo drones e mísseis à Rússia. A parte a respeito dos mísseis está completamente errada. A parte sobre os drones está correta, de fato fornecemos um pequeno número de drones para a Rússia meses antes do começo da guerra na Ucrânia”.

O ministro diz que chegou a um acordo com a Ucrânia para examinar em conjunto as evidências de uso de drones iranianos na guerra coletadas no conflito. O Irã teria planejado enviar uma delegação para conversar com autoridades ucranianas na Europa, mas a reunião teria sido cancelada por Kiev, segundo Hossein. “Uma delegação militar e política foi para aquele país europeu, mas, infelizmente, de última hora, a delegação ucraniana não compareceu devido à pressão dos EUA e de alguns países Europeus, em especial a Alemanha”, alega ele. O desencontro teria sido há duas semanas.

O plano de examinar em conjunto as provas continua e deve acontecer nos próximos dias, diz o oficial iraniano, que conversou com o ministro das relações exteriores ucraniano Dmytro Kuleba na semana passada. Um porta-voz de Dmytro, Oleg Nikolenko, disse no Facebook que as “insinuações [de Hossein] sobre uma alegada recusa por parte do lado ucraniano” são falsas. “Se for provado que a Rússia usou drones iranianos na guerra contra a Ucrânia, não continuaremos indiferentes a essa questão”, declarou Hossein. “Nossa posição é parar a guerra e que as partes retornem às negociações”.

O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky acusou Teerã de mentir sobre o “pequeno número” de drones, pois as forças armadas de seu país estavam abatendo no mínimo dez por dia — na sexta (4) foram 11 drones abatidos. “Se o Irã continuar mentindo a respeito do óbvio, isso significa que o mundo aplicará ainda mais esforços para investigar a cooperação terrorista entre os regimes russo e iraniano e o que a Rússia dá em troca de tal cooperação”, disse Zelensky em seu discurso em vídeo.

Robert Malley, enviado especial dos Estados Unidos ao Irã, confirmou nas redes sociais que o baixo número de drones enviados é uma inverdade. “Transferiram dúzias no verão” e até têm “pessoal militar no território ocupado da Ucrânia ajudando a Rússia a usá-los”, alegou Malley. Os Estados Unidos anunciaram esta semana um novo pacote de ajuda à Ucrânia que inclui 45 tanques soviéticos reformados. A assistência americana desde a invasão em fevereiro é estimada em US$18,2 bilhões (R$92 bilhões).

Os ataques russos que usaram drones se intensificaram nas últimas semanas, inclusive contra alvos civis e infraestrutura essencial como represas e usinas de energia. Os drones são capazes de voar em círculos sobre uma mesma área até identificar o alvo, se autodetonando no impacto. As autoridades da Ucrânia dizem que conseguiram derrubar 300 deles.

A CNN Internacional noticiou que fontes anônimas de um governo ocidental, que monitoram o programa de armamento iraniano, alegam que o país planeja enviar mais drones e mísseis balísticos a Putin para ajudá-lo no esforço de guerra contra Zelensky. As mesmas fontes dizem que o último carregamento foi de 450 drones.

No mês passado, a agência Reuters obteve confirmação do plano do envio de mísseis por parte de duas autoridades do alto escalão iraniano e dois diplomatas do país. A União Europeia decidiu impor novas sanções sobre o Irã por causa da entrega de drones à Rússia. O Reino Unido aplicou sanções em três líderes militares iranianos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]