Teerã (Das agências internacionais) O porta-voz do Ministério do Exterior do Irã, Hamid Reza Asefi, disse ontem que o programa nuclear iraniano é irreversível, às vésperas de expirar o prazo dado pela Organização das Nações Unidas para o país suspender o enriquecimento de urânio.
"O enriquecimento de urânio e a pesquisa nuclear do Irã são irreversíveis", disse Reza Asefi, em entrevista coletiva. O porta-voz disse ainda que as exigências internacionais para o Irã suspender as suas pesquisas na área nuclear não estavam "na agenda" nacional.
O Conselho de Segurança da ONU deu até 28 de abril, próxima sexta-feira, para o Irã interromper o processo de enriquecimento de urânio tecnologia que pode ser usada para gerar energia ou desenvolver armas nucleares.
O governo iraniano alega que tem interesse no desenvolvimento dessa tecnologia para fins energéticos, mas os Estados Unidos e outros países ocidentais temem que o país esteja tentando fabricar armas atômicas.
No dia 29 de março, o Conselho de Segurança fez um pedido formal à Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) para apresentar um relatório sobre se o Irã cumpriu ou não a exigência da ONU.
Segundo o porta-voz iraniano, desde que o relatório se concentre em fornecer uma "avaliação técnica" do programa nuclear iraniano, não há motivo para preocupação.
"No entanto, se o relatório sair e de alguma forma colocar pressão no Irã e for escrito em uma linguagem de ameaças, naturalmente o Irã não vai abandonar os seus direitos e está preparado para todas as possíveis situações e se planejou para isso."
A rádio oficial iraniana divulgou no sábado que o país teria chegado a um "acordo básico" com a Rússia na área de enriquecimento de urânio. Segundo a emissora, o embaixador do Irã na Aiea, Ali Asghar Soltanieh, disse que só faltava acertar detalhes técnicos para os dois países darem início a um projeto conjunto de enriquecimento de urânio.
A Rússia chegou a se oferecer para enriquecer urânio para o Irã para afastar os temores da comunidade internacional de que o país estaria desenvolvendo a tecnologia para fabricar armas nucleares.
Congresso
O presidente do Comitê de Inteligência do Congresso norte-americano, o republicano Peter Hoekstra, reconheceu ontem que há muitas informações desencontradas sobre a capacidade nuclear do Irã e que os EUA desconhecem o quanto o governo iraniano está distante de desenvolver armas atômicas. Questionado sobre isso, Hoekstra disse: "Na verdade, nós não sabemos."
"Como legisladores temos de saber que, enquanto seguimos adiante e decisões estão sendo tomadas sobre o Irã, não temos todas as informações que gostaríamos de ter."