Os iranianos abateram na quinta-feira (20) um drone de vigilância americano que alegaram estar sobre seu território. Em meio a temores de uma guerra entre os dois países, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou inicialmente que seu país não toleraria o que chamou de "erro muito grande", mas em seguida pareceu abrandar a crise, dizendo que a ação poderia ter sido um erro cometido por uma pessoa no Irã.
O governo iraniano confirmou a destruição do drone e assegurou que ele estava operando em espaço aéreo iraniano. A agência de notícias pública Fars divulgou um vídeo com a trajetória do drone. O governo americano negou que ele tivesse entrado no espaço do Irã.
Segundo o jornal The New York Times, Trump teria aprovado ataques militares contra o Irã em retaliação pela derrubada do drone, mas desistiu de lançá-los no fim da noite de quinta (20). "Autoridades militares e diplomáticas esperavam pelo ataque e estavam fazendo os planejamentos após intensas discussões e debates na Casa Branca entre as principais autoridades nacionais de segurança e líderes do Congresso, segundo altos funcionários do governo envolvidos ou informados sobre as deliberações", afirmou o The New York Times.
Autoridades disseram que o presidente havia aprovado inicialmente ataques contra um punhado de alvos iranianos, como baterias de radar e mísseis. Mas a ação foi cancelada abruptamente à noite, interrompendo o que teria sido a terceira ação militar do presidente americano contra alvos no Oriente Médio. Trump havia ordenado ataques duas vezes contra alvos na Síria, em 2017 e 2018.
Não ficou claro se Trump simplesmente mudou de ideia sobre os bombardeios ou se o governo alterou os planos por causa de uma questão logística ou estratégica. Também não ficou claro se os ataques poderiam acontecer ainda nesta sexta-feira (21).
Na quinta-feira (20), quando questionado se os EUA responderiam, Trump afirmou a jornalistas que em "breve eles descobririam". Depois, procurou fazer uma distinção dizendo que o episódio teria sido muito mais sério se a aeronave fosse um veículo tripulado. "Faz uma grande diferença que um piloto americano não tenha sido ameaçado", disse o presidente a repórteres na Casa Branca, ao receber o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
O que diz o Irã
O general Amir Ali Hajizadeh, chefe da divisão aeroespacial da Guarda Revolucionária do Irã, disse que avisou os Estados Unidos "diversas vezes" antes de disparar o míssil contra um drone americano. "Infelizmente eles não responderam", disse Hajizadeh à TV estatal iraniana. Ele acrescentou que o Irã coletou os destroços de suas águas territoriais.
Os militares dos EUA dizem que o drone estava no espaço aéreo internacional sobre o Estreito de Ormuz quando foi derrubado, mas o Irã nega e afirma que a aeronave estava sobre território iraniano.
Confrontos entre os países
No contexto das recentes trocas de ameaças entre Washington e Teerã, um ataque iraniano contra uma aeronave americana - ainda que contra um drone não tripulado - acrescenta outro ponto de discórdia à crescente lista de confrontos entre o Irã e os EUA.
O ataque acontece poucos dias depois de autoridades americanas culparem o Irã pelas recentes sabotagens de navios petroleiros que também ocorreram no Estreito de Ormuz, via vital pela qual passa grande parte do petróleo do mundo, uma acusação que o Irã negou.
O general americano Joseph Guastella, que comanda as forças aéreas dos EUA na região, defendeu na quinta (20) que a represália iraniana é uma tentativa de evitar a atuação americana no Golfo Pérsico após os ataques contra os navios. Guastella indicou que o míssil foi disparado de uma posição perto da cidade iraniana de Garuk. "A informação iraniana de que o drone foi derrubado sobre aquele país é categoricamente incorreta."
No Twitter, o chanceler iraniano, Mohamed Javad Zarif, informou que seu país recolheu algumas partes do drone americano em suas águas territoriais após ele ser abatido. No entanto, uma fonte do Exército americano assegurou à agência Reuters que os destroços haviam caído em águas internacionais.
O Irã denunciou o que chamou de "ação provocadora" e "muito perigosa" dos EUA contra sua integridade territorial em um carta enviada ao Conselho de Segurança da ONU. Nela, o país exige que a organização intervenha para que os americanos ponham fim a "ações ilegais" e "desestabilizadoras" no Golfo Pérsico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, com agências internacionais.