Os Estados Unidos disseram nesta quarta-feira que o Irã deve suspender o enriquecimento nuclear durante eventuais negociações com as potências mundiais, mas diplomatas ocidentais afirmaram que a proposta feita a Teerã permitiria a futura retomada dessas atividades.
Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado, disse à Reuters que a suspensão é uma "firme condição" das potências - EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha - para o início das negociações destinadas a conter o programa nuclear com um pacote de benefícios e ameaças.
- Essa condição deve ser mantida durante eventuais negociações - acrescentou McCormack.
Ele não informou se o pacote das potências, cujo conteúdo não foi divulgado, inclui qualquer cláusula que permita a futura retomada do enriquecimento de urânio em território nuclear.
Mas diplomatas ocidentais disseram que essa hipótese existe, embora não em breve e apenas depois do atendimento de rígidas condições.
- Os padrões impostos são muito elevados, e o Irã está muito longe deles - disse um diplomata.
Outros lembraram que o Japão levou anos para obter aprovação internacional ao seu programa nuclear, e que o Irã é visto com muito mais desconfiança.
Segundo esses diplomatas, caso o Irã aceite o acordo, poderia receber um novo armazém de combustível nuclear. Mas o texto, de acordo com eles, elimina uma referência anterior às garantias sobre a "integridade territorial" do Irã e propõe um fórum regional extra-oficial de segurança.
Oferece também a Teerã um reator nuclear de água-leve, cuja tecnologia deve ser principalmente da Rússia e da União Européia.
Já os EUA dariam autorização para a venda de peças americanas e se comprometeriam a não evocar leis locais para impor sanções a empresas de terceiros países que tenham negócios no Irã.
De acordo com essas fontes, o Irã também seria autorizado a comprar aviões civis e peças aeronáuticas dos EUA e da União Européia, além de tecnologia agrícola americana.
O chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, entregou a oferta a Teerã na terça-feira. O Irã garante que seu programa nuclear é exclusivamente civil, mas o Ocidente teme que o país esteja desenvolvendo armas atômicas.
McCormack não quis esclarecer se Solana mencionou também as penalidades, além dos benefícios, durante suas reuniões em Teerã.