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Golfo de Omã

Irã disparou míssil contra drone americano antes de ataques aos navios, dizem EUA

Imagem do vídeo que, segundo o Comando Central dos Estados Unidos, mostra um barco de patrulha iraniano se aproximando do navio petroleiro japonês Kokuka Courageous para supostamente remover uma mina não detonada do casco do navio
Imagem do vídeo que, segundo o Comando Central dos Estados Unidos, mostra um barco de patrulha iraniano se aproximando do navio petroleiro japonês Kokuka Courageous para supostamente remover uma mina não detonada do casco do navio (Foto: US Central Command / AFP)

Horas antes dos ataques contra dois navios petroleiros no Golfo de Omã na quinta-feira (12), os iranianos avistaram um drone dos Estados Unidos sobrevoando e dispararam um míssil terra-ar contra a nave não-tripulada, um oficial dos EUA disse à rede de televisão CNN. O míssil errou o alvo e caiu na água, disse o oficial.

Antes de ser alvejado, o drone American MQ-9 tinha observado navios iranianos se aproximando dos petroleiros, ainda segundo o oficial entrevistado pela CNN, cuja identidade não foi revelada. Ele não disse se o drone viu os barcos conduzindo um ataque.

Essa é a primeira alegação de que os EUA têm informações sobre a movimentação iraniana antes dos ataques. O Irã nega categoricamente envolvimento nas explosões.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, rejeitou as negações do Irã sobre a responsabilidade no ataque a dois petroleiros no Golfo de Omã, insistindo em uma entrevista na TV nesta sexta-feira (14) que "o Irã fez isso" e apontando para um vídeo divulgado pelo Comando Central dos EUA que mostra navios iranianos supostamente recuperando uma mina não detonada de um dos navios danificados.

No entanto, o chefe da companhia de navegação japonesa proprietária de um dos petroleiros atacados desafiou a afirmação dos EUA de que a embarcação foi atacada com minas de limpet, um tipo de mina naval que é ligada ao casco do navio por ímãs. Ele disse na sexta-feira que a tripulação informou que foi atingida por "um objeto voador".

O Irã classificou as alegações dos EUA como "alarmantes".

Em uma entrevista no programa "Fox & Friends", do canal de TV Fox News, Trump disse, referindo-se ao vídeo do Comando Central: "Bem, o Irã fez isso, e você sabe que eles fizeram isso porque você viu o barco".

Ele acrescentou: "Eu acho que uma das minas não explodiu, e provavelmente ela tinha o nome do Irã escrito por toda parte. E você viu o barco à noite, tentando tirar a mina, e conseguindo tirar a mina do barco. E isso foi exposto. Aquele era o barco deles. Eram eles e eles não queriam deixar as provas para trás".

Trump também denunciou a liderança do Irã enquanto expressava interesse nas negociações. "Eles são uma nação de terror, e eles mudaram muito desde que eu me tornei presidente", disse ele. "Eles estão em sérios, sérios problemas". Mais tarde, ele acrescentou: "Eles foram informados em termos muito claros… queremos trazê-los de volta à mesa [de negociações], se quiserem voltar. Não tenho pressa".

Proprietário do navio contraria tese dos americanos

Yutaka Katada, presidente da empresa de navegação Kokuka Sangyo, proprietária do petroleiro Kokuka Courageous, disse a repórteres na sexta-feira em Tóquio: "A tripulação está dizendo que o navio foi atingido por um objeto voador. Eles dizem que algo veio voando em sua direção, houve uma explosão, e depois havia um buraco no navio. Então, alguns tripulantes testemunharam um segundo tiro".

Katada acrescentou: "Uma bomba colocada na lateral não é o que estamos pensando. Se estiver entre uma explosão e uma bala penetrante, tenho a sensação de que é uma bala penetrante. Se fosse uma explosão, haveria danos em diferentes lugares, mas isso é apenas uma suposição ou um palpite". Ele disse que não acredita que o navio-tanque tenha sido atingido "porque era japonês", pois isso teria sido difícil de ser identificado por um agressor.

"O projétil atingiu muito acima da superfície da água", disse Katada. "Por causa disso, não há dúvida de que não tenha sido um torpedo".

Ele disse que a tripulação do navio viu um navio militar iraniano nas redondezas na quinta-feira à noite, horário do Japão, segundo a agência de notícias Reuters.

Irã acusa EUA de 'terrorismo econômico'

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, disse que os Estados Unidos "imediatamente fizeram acusações contra o Irã, sem qualquer evidência factual ou circunstancial", e acusou a Casa Branca de "terrorismo econômico" e de "sabotar a diplomacia".

O secretário de Estados americano, Mike Pompeo, culpou o Irã na quinta-feira pelo "evidente ataque" aos navios e disse que os Estados Unidos se defenderiam e a seus aliados contra agressão iraniana na região. No entanto, ele não ofereceu evidências de que as explosões tenham sido trabalho de forças iranianas.

Em resposta ao incidente, as forças armadas americanas enviaram ao local uma aeronave P-8 Poseidon, um avião militar de patrulha marítima, segundo um oficial da defesa americana.

Pompeo disse que a motivação para os ataques foram a "campanha de máxima pressão" de sanções americanas contra o Irã que, segundo autoridades dos EUA, são elaboradas para trazer o Irã para negociações sobre o seu programa nuclear e o seu apoio a milícias em vários países vizinhos.

O diretor do Instituto da Rússia para Estudos Estratégicos para o Oriente Médio, Vladimir Fitin, disse à agência russa de notícias Tass que forças que querem empurrar os EUA para um conflito armado direto com o Irã estão por trás dos ataques. Para o especialista, monarquias árabes ou agências de inteligência israelenses poderiam ser os responsáveis. Ele não excluiu a possibilidade de que piratas, como os que agem na costa da Somália, estivessem envolvidos no caso.

Em clima de hostilidade, o incidente com os navios petroleiros poderia deixar os países mais próximos de um confronto violento.

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