O Irã vai entregar na segunda-feira à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) uma carta oficial sobre os termos do acordo de intercâmbio de material nuclear, mediado nesta semana por Brasil e Turquia, disse a agência estatal de notícias Irna nesta sexta-feira.
Pelo acordo anunciado pelos líderes dos três países, o Irã se compromete a enviar à Turquia em um mês 1.200 quilos de urânio baixamente enriquecido para receber em troca, um ano depois, urânio enriquecido a 20 por cento para alimentar um reator de pesquisas médicas em Teerã.
O acordo foi feito para atenuar as preocupações dos Estados Unidos e de seus aliados de que a atividade iraniana de enriquecimento está voltada para o desenvolvimento secreto de armas nucleares.
Mas a medida não convenceu as potências ocidentais, que continuam se mobilizando por uma quarta rodada de sanções à República Islâmica.
Nesta sexta-feira, em Istambul, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que ainda espera que o acordo possa abrir caminho para uma solução negociada.
"Após o anúncio conjunto de Irã, Turquia e Brasil, o embaixador permanente do Irã junto à Agência Internacional de Energia Atômica anunciou que o país está pronto para submeter a carta (...) na segunda-feira ao chefe da agência, Yukiya Amano", disse a Irna.
Teerã diz que seu programa nuclear está voltado exclusivamente para fins civis, mas que não vai abrir mão de dominar a tecnologia de enriquecimento de urânio. A proposta de intercâmbio de material nuclear foi feita inicialmente em outubro pela ONU.
Turquia, Brasil e Irã defendem que o acordo anunciado nesta semana deveria bastar para paralisar a discussão sobre novas sanções, cujo esboço já foi apresentado ao Conselho de Segurança da ONU pelas principais potências, incluindo China e Rússia. Governos ocidentais dizem que o Irã está apenas tentado ganhar tempo.
As novas sanções devem ter como alvo os bancos iranianos, além de criar um regime de inspeção de navios suspeitos de transportarem itens ligados aos programas nuclear e de mísseis do país.
O Irã diz que a proposta de resolução carece de legitimidade.