Khamenei, em Mashhad: “Mudança apenas em palavras não é suficiente. Precisa ser real.”| Foto: Reuters/Fars News

Teerã - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse ontem que a República Islâmica está pronta para mudar se o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, liderar o caminho mudando a atitude norte-americana em relação a seu país. O comentário de Khamenei foi feito um dia após Obama ter oferecido ao Teerã um "novo começo" para superar décadas de animosidade mútua, em uma mensagem histórica de vídeo.

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"Nós não temos nenhuma experiência com o novo governo norte-americano e o novo presidente norte-americano. Vamos observá-los e julgá-los. Se vocês mudarem sua atitude, nós mudamos nossa atitude", falou Khamenei a milhares de iranianos na cidade sagrada de Mashhad (a 741 quilômetros de Teerã), em mensagem televisionada.

O Teerã, afirmou ele, ainda precisa ver alguma mudança na política dos EUA em relação ao Irã. "Nós não vemos nenhuma mudança. Qual é a mudança na política de vocês? Vocês retiraram as sanções? Pararam de apoiar o regime sionista? Digam para nós o que vocês mudaram. Mudança apenas em palavras não é suficiente. Precisa ser real", questiona Khamenei. "Os líderes norte-americanos e outros precisam saber que eles não podem enganar nossa nação ou assustá-la."

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Khamenei acusou Washington de ter uma atitude "hostil" em relação a Teerã desde que a revolução islâmica derrubou o xá apoiado pelos EUA em 1979. "Eles apoiaram todos os grupos terroristas e oponentes" contra o Irã.

"Podemos ver a mão norte-americana por trás destes grupos. Infelizmente, este apoio ainda continua", relatou Khamenei, acrescentando que os grupos apoiados pelos EUA também ajudam rebeldes a combaterem forças de segurança iranianas na fronteira com o Paquistão.

Khamenei disse que o Irã não vai esquecer o apoio norte-americano a Saddam Hussein durante a guerra de 1980-1988 entre Irã e Iraque ou a derrubada a tiros de um avião de passageiros iranianos em 1988 por um navio de guerra dos EUA, que matou todos os 290 passageiros a bordo. "Em todos esses anos, eles fizeram propaganda hostil contra nosso país, especialmente nos últimos oito anos", afirmou o líder, referindo-se ao mandato de George W. Bush.

Bush se recusou a conversar com o Irã depois que a República Islâmica lançou um plano nuclear controverso. Ele também classificou o Irã como parte de um "eixo do mal" junto com o Iraque e a Coreia do Norte.

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