No mesmo dia em que o Irã se reuniu, sem obter acordo com representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o país informou que começou a instalar uma nova geração de centrífugas para o enriquecimento de urânio. A notícia deve irritar o Ocidente e complicar os esforços para resolver a polêmica de uma década sobre o programa nuclear do país.
O país já havia informado à agência que pretendia instalar novas centrífugas na sua principal usina, próxima de Natanz, o que aceleraria de forma significativa a acumulação de material. O Ocidente teme que o urânio de alto grau de pureza possa ser usado para desenvolver uma arma nuclear.
"A partir do mês passado começou a instalação de uma nova geração destas máquinas no complexo de Natanz", disse Fereydoun Abbasi-Davani, chefe da organização de energia atômica do Irã, citado pela agência Isna. 'Produzimos as máquinas de acordo com o planejado e as estamos levando para o complexo gradualmente para completar as provas relevantes para esta nova geração", completou.
Se a instalação for bem-sucedida, as centrífugas de nova geração poderão refinar urânio várias vezes mais rápido que o modelo atual do Irã. A usina nuclear de Natanz foi planejada para operar com dezenas de milhares destas máquinas. Embora o Irã não tenha divulgado o número das novas centrífugas, uma nota da AIEA enviada a seus integrantes indica que poderiam ser instaladas até 3 mil centrífugas. Segundo Abbasi-Davani, o equipamento poderá trabalhar com grau de enriquecimento inferior a 5% de pureza. O país tem trabalhado com um patamar de 20%, percentual próximo do necessário para o desenvolvimento de armas, o que levou EUA e Israel a advertirem que farão o necessário para evitar que o Irã fabrique uma bomba nuclear.
De acordo com o embaixador iraniano para a agência da ONU, Ali Asghar Soltanieh, um novo encontro com representantes da AIEA será marcado, mas a data não foi divulgada. Segundo Soltanieh, as duas partes concordaram em alguns pontos do texto sobre como a agência deve realizar sua investigação, mas não deu mais detalhes. A agência, que tenta há mais de um ano fechar um acordo que permita o acesso de inspetores às usinas, além de documentos sobre as operações, preferiu não comentar. No ano passado, os EUA deram um prazo até março para que o Irã comece a cooperar com a agência, ameaçando encaminhar o assunto ao Conselho de Segurança.
Israel já deu sinais de que poderia adotar ação militar para impedir que Teerã obtenha armas de destruição em massa. No próximo dia 26, Irã e seis potências mundiais (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) devem retomar conversas para o fechamento de um acordo diplomático em torno do tem e impedir, assim, a hipótese de uma nova guerra no Oriente Médio.